«Todo o artista que dá à sua arte um fim extra-artístico é um
infame. É, além disso, um degenerado no pior dos sentidos
que a palavra não tem. É, além disso e por isso, um anti-social.
A maneira de a arte ser social é ser anti-social. A maneira
de o artista colaborar utilmente na vida da sociedade
a que pertence é não colaborar nela. Assim lhe ordenou a
Natureza que fizesse, quando o criou artista e não político
ou comerciante. [...] Quanto mais instintivamente se fizer
essa divisão do trabalho social, mais perfeito será o funcionamento
da sociedade [...] É perfeitamente lógico que um
artista pregue a Decadência na sua arte, e, se for político,
pregue a Vida e Força na sua política. É, mesmo, assim que
deve ser. Não se admite que um artista escreva poemas patrióticos,
como não se admite que um político escreva artigos
antipatrióticos. »
Fernando Pessoa
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