O SALTO
Somos como um cavalo sem memória,
somos como um cavalo
que já não se lembra já
da última vala que saltou.
Vimos correndo e correndo
por uma longa pista de séculos e obstáculos.
De quando em quando, a morte...
o salto!
e ninguém sabe quantas
vezes já saltamos
para chegar aqui, nem quantas ainda saltaremos
para chegar a Deus que está sentado
no final da corrida...
à nossa espera.
Choramos e corremos,
caímos e giramos,
vamos de tombo em tumba,
dando pulos e voltas entre cueiros e mortalhas.
León Felipe. Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea. Selecção e Tradução de José Bento. Assírio&Alvim, Lisboa, 1985., p. 113
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