quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Quarto 105


«Foi à tarde. Deviam ser quatro horas. Escrevera o meu último verso. Dirigi-me para o meu quarto. Por acaso olhei para o espelho do guarda-vestidos e não me vi reflectido nele! (...) Via tudo em redor de mim, via tudo quanto me cercava projectado no espelho. Só não via a minha imagem. (...) A sensação misteriosa que me varou...quer saber? Não foi uma sensação de pavor, foi uma sensação de orgulho.»

Mário de Sá-Carneiro, «Confissão de Lúcio», Tip. do Comércio, 1914.

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