terça-feira, 29 de novembro de 2016

A importância da cor no cinema

«O aparecimento das cores transformou a linguagem fílmica e contribuiu para a sua evolução estética, aproximando a imagem da realidade ao abandonar a monotonia do preto e branco. O cinema tornou-se mais complexo: os enquadramentos tornaram-se mais diversificados, o ponto de vista e os movimentos da câmara soltaram-se da forma minimalista inicial.»
Em 1926, a Warner Brothers adquire o sistema de som Vitaphone2 , e a 6 de Outubro de 1927 estreou o filme The Jazz Singer, que foi considerado o designado cinema falado, apesar de conter apenas duas cenas faladas.

Dos Irmãos Lumière aos anos 50

 «O cinema pode ser definido como a arte de produzir imagens em movimento. A origem da palavra provém de cinematógrafo, uma invenção dos irmãos Lumière, que tem origem no grego “kinema” que significa movimento e “ghaphein”que se refere ao registo. O cinema nasceu de várias inovações que vão desde o domínio fotográfico até à síntese do movimento, recorrendo a jogos ópticos. As diversas captações de imagens sequenciais através da fotografia1 proporcionaram o surgimento do cinema. Auguste e Louis Lumière inventaram o cinematógrafo, um aparelho portátil com um mecanismo movido à manivela que utilizava negativos perfurados, substituindo a utilização de várias máquinas fotográficas para a criação de movimento, conseguindo projectar imagens ampliadas numa tela. A 28 de Dezembro de 1895, no Salão Indiano do Grand Café do Boulevard des Capucines, em Paris, o pai dos Irmãos Lumière organizou a primeira exibição pública paga para filmes, data esta vulgarmente assinalada como o nascimento do cinema»
O futuro do cinematógrafo pertence a uma raça nova de jovens solitários que filmarão gastando nos filmes até ao seu último cêntimo e sem concessões às rotinas materiais do ofício.

 Robert Bresson, Notes sur le cinématographe, 1975

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

«Lábios nus. Sem um grão de pó. O Werner tem direito aos cuidados, à ternura, aos beijos: aos sorrisos, nunca. Você deixou de sorrir.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 94

domingo, 27 de novembro de 2016

«O impulso para a morte
é uma corrente fria, sólida,
sem corpo.»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 405
«E despias tantas máscaras
que até estrangeira
era a face, cercada
de todas as águas.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 401
    «Não voltavas
não voltarias nunca.»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 393

« entre os canaviais da lua»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 392
« a água
amaciando sol.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 385
«Não morri,
fui acordado.»



Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 383
«Parar 
a eternidade
como um vento
na mão?»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 382
[...] Et tu restes
avec se peuple
avec ce cité
avec ce siècle,
face à face, seul
comme un enfant.

JOSEPH BRODSKI
«A morte se depura
quanto mais se morre.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 373

«Nascemos dos limites.»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 371

42

MÃO QUE VOA

Poesia
não se aperta
na mão
como um pássaro 
doente.

Poesia é a mão
que voa
com o pássaro.

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 370
de esconso
de soslaio, de esguelha

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

37

PASSAGEM DE UM POVO

Sou a passagem 
entre ti e os mortos.
Passagem de um povo.
Escolhi.

Que me lavem no fogo
e me rodeiem
no silêncio da aurora.

A criação pousou em mim.
Eu vejo.

Sou um começo
que nem mesmo entendo.
Passagem de alguém
que reconheço
no amor de andar
em mim.


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 365

«Nenhuma lucidez é feliz»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 364
«Voltava da eternidade
ou do amor quando te vi.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 366
«A eternidade era o sangue
que roubei do equilíbrio.»



Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 364

úmero




nome masculino

ANATOMIA osso longo que constitui o endosqueleto do braço

«os teus sonhos
não dormem.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 363

(...)

« o bando de estorninhos
sobre a alma.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 362

incoativo

adjetivo

1. que começa
2. GRAMÁTICA (verbo) que exprime começo de uma ação (como adormecer e anoitecer)


Do latim inchoatīvu-, «que indica começo»
«(...) E dali
descíamos
e não era o mar,
a escuridão.

Descíamos
para dentro dos vivos.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 361
''¿Quién dijo que cuando nos hacemos mayores ya no podemos crear? El que nace artista, morirá artista y seguirá creando en nuevos mundos. La madre de Tony Luciani ya no era capaz de cuidar de sí misma, entonces el artista canadiense, se encargó de ser su cuidador a tiempo completo. Así que se le ocurrió ir más allá de los cuidados básicos y comenzar una aventura artística junto a su madre. El objetivo, hacerle sentir útil y reforzar…''


quarta-feira, 23 de novembro de 2016

(...)

«Mas teria Deus alguma infância?

A sua maturidade me chegava
aos olhos e aos sentidos.

Não havia divisão na primavera.
Ou submissão.»




Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 360

''cada instante dói''

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 359

ESTA CHAMA

O coração é jovem.
Envelhece a razão.

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 359

sábado, 19 de novembro de 2016

«Inocentes somos
quando amamos.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 325
McLuhan

 “O artista é a pessoa que inventa os meios para unir a herança biológica e os ambientes criados pelas inovações tecnológicas”
Filme de Marcelo Masagão, o já clássico ‘Nós que aqui estamos por vós esperamos’ (1999)
Gilles Deleuze: “... e, como se sabe, um puro espírito, basta ter feito a experiência da mesa girante [do espiritismo], para saber que um puro espírito não dá respostas muito profundas, nem muito inteligentes, é um pouco vago”.
«Sozinho não vou.
Não quero ir.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 322

«Quero abraçar-te, morte»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 314
        «Isto começou na minha infância; é uma voz que
se produz, e quando se produz, sempre me desvia do
que vou fazer.»


                                         PLATÃO, Defesa de Sócrates

XLVI


UM DIA

Um dia a aurora
na cesta do pão.

Um dia as coisas 
vergarão a aurora.

Um dia
amor e amantes
colherão
no dobrar das mãos.

O mundo
ao lado de outro
mundo.

Um dia.


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 297
«Pode a memória ser árvore.
E nós, os nodosos ramos.»



Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 297

«Quando te vi, perdi a morte»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 296

sexta-feira, 18 de novembro de 2016


«Que ponto o amor é amor
ou apenas brusco
atordoamento, expiação
de um mundo definhado?»



Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 292

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

XXXIV


- NÃO CARREGUEM OS MORTOS

Uma terra que não seca
está connosco.
Não carreguem os mortos.
Os ramos se renovam.
E o coração
tem uma corola de fôlegos.



Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 292

«As coisas pedem pouso quando amam.»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 286
«Quem te amou,
estava em mim,»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 286
«Estamos
no fim de nós mesmos.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 285
(...)

«O coração não sabe
divisar os seus ritos,
nem se arrimar na terra
ou nas cicatrizes.»

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 285

''a solidão de um homem''

Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 280
«Mitchel (1988) refere que as pessoas continuam ao longo da vida a procurar relações insatisfatórias porque, em todo o caso, elas representam protótipos de graus de segurança, esta é auferida na ligação ao anteriormente já experimentado.
   Da Saúde Mental faz parte a integração de novas experiências de relação, renovadoras e promotoras do desenvolvimento. Contudo, é necessário que se tenha construído internamente um sentimento de ter sido desejado e amado de modo continuado por alguém, de forma a se poder partir em busca de novas relações, também essas geradoras de amor e de crescimento emocional e afectivo.»


Isabel Mesquita. Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Isabel Mesquita. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 63
«A minha impressão é a de que as vidas mais produtivas e criativas
são as daqueles que, apesar de muitos traumas na sua infância,
puderam adquirir novas estruturas na busca de novos caminhos
em direcção a uma completude interna.»

H.Kohut, 1988
 «(...) a formação de um Self frágil e vulnerável que só poderá ser sustentado por fantasias grandiosas e omnipotentes.»


Isabel Mesquita. Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Isabel Mesquita. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 59

perturbação narcísica

o succionador, o manipulador, o paranóide, e o fálico

SELF

Self real
Self imaginário
Self ideal
Self patológico
Self descaracterizado
Self nevoento
Self deturpado
Self grandioso
Self ambivalente

....

Self, Self, Self, Self, Self
Self, Self, Self, Self, Self
Self, Self, Self, Self, Self
Self, Self, Self, Self, Self

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Quis redimir-te e tu me receaste.
Quis redimir-me e tu não me mataste.
Partiste em demanda
E deixaste-me tecendo a longa espera
Dum fim que não viria.
Partiste,
E assim me condenaste
A que vivesse."

-"A Dama e o Cavaleiro"
- Ana Hatherly
- Guimarães Editores, 1960 (1a Edição)

sábado, 5 de novembro de 2016

«Continuamente sinto que fui outro, que senti outro, que pensei outro. Aquilo a que assisto é um espetáculo com outro cenário. E aquilo a que assisto sou eu.»

Fernando Pessoa
“É dessa massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade”

José Saramago

terça-feira, 1 de novembro de 2016

«(...feridas internas, as lesões sofridas no Self,''

Isabel Mesquita. Disfarces de Amor. Relacionamentos Amorosos e Vulnerabilidade narcísica. Climepsi Editores, Lisboa, 2013., p. 19