sexta-feira, 29 de julho de 2016


Havia um mar. Havia um vento. Havia um mar e um vento.
E depois aquela carta escrita a um negro com nome de rapariga.
Sob a pressão do sangue. Porquê? O perigo vem sempre da sua
                                                                                      ausência

fragmento diálogo narração ruptura.


Abril sem abril. Sonho tomado pelo movimento. O
sonho também é político atravessa o corpo o mais leve sinal
sonhado à nossa volta. Eu não digo a palavra.


Havia um mar um mar e um vento.
Qualquer coisa conhecida. O tempo. Um mês sem mar. A
ilha ao fim do mar. A ilha prolongando o mar porque


nem todo o homem vive ou reflecte.
Pode de facto escrever um olhar querer um corpo
trazendo sob os dedos o sono pondo sobre os montes altos de sua casa.
Nas pedras lisas do silêncio está a sua parte. Sua casa.


João Miguel Fernandes JorgePoemas Escolhidos. Cadernos peninsulares/literatura 21., 1982., p. 80

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