«(...) nada é realmente ao espírito a não ser as suas percepções ou impressões e ideias, e que os objectos exteriores se nos tornam conhecidos apenas mediante as percepções por eles ocasionadas. Odiar, amar, pensar, sentir, ver, tudo isto não é senão perceber.
Ora, visto que nada está presente ao espírito a não ser as percepções e visto que todas as ideias derivam de algo que esteve anteriormente presente no espírito, segue-se que nos é impossível conceber ou formar uma ideia de algo especificamente diferente das ideias e das impressões. Fixemos a nossa atenção fora de nós tanto quanto possível; lancemos a nossa imaginação para o céu ou para os limites extremos do universo; de facto não avançamos um passo para além de nós próprios, nem podemos conceber nenhuma espécie de existência a não ser as percepções que aparecem nesta área limitada. Este é o universo da imaginação e não temos nenhuma ideia que lá não seja produzida.»
David Hume. Tratado da Natureza Humana. Tradução de Serafim da Silva Fontes. Prefácio e Revisão Técnica
da Tradução de João Paulo Monteiro. 2ª Edição. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2010., p 101/102
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