A MÚSICA DA MORTE
Já passaram por nós as frias aves,
aprendemos a música da morte.
Ao princípio escurece, um arrepio
vem toldar a memória sobre a pele
e a sombra que deixámos faz-se leve
diferença como eco ou na paisagem
turvo matiz que inquieta de repente:
tudo o que irá esquecer nossa passagem
nos vem olhar agora frente a frente.
Da morte aqui passaram frias aves,
como nuvens sem ar ou mar sem naves.
Luís Filipe Castro Mendes. Poesia Reunida (1985-1999) com o livro inédito OS AMANTES OBSCUROS. Quetzal Editores, Lisboa, 1999., p. 368
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