sexta-feira, 26 de junho de 2015



«Foi preciso que adivinhasse por mim mesmo os inumeráveis tesouros de ternura e castidade ocultos pelo bater do vosso coração  opresso. Peito ornado de grinaldas de rosas e de vetiver. Foi preciso que vos entreabrisse as pernas para vos conhecer e para que a minha boca ficasse suspensa das insígnias do vosso pudor. Mas (coisa importante de observar) não vos esqueçais de lavar todos os dias a pele das partes com água quente, porque senão iriam crescer-me cancros venéreos nas comissuras rasgadas dos lábios insatisfeitos.»


Conde de LautréamontCantos de Maldoror. Trad. Pedro Tamem. Prefácio Jorge de Sena, 2ª edição, Moraes Editores,Lisboa, 1979, p. 204

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