terça-feira, 17 de março de 2015

Narciso Sobre Rodas



ainda me lembro de ti.
tão cheio de ti mesmo.
passeando tua esfinge
de príncipe de alta casta.
alguém que já nem finge
que amar-se a si mesmo basta!

havia sempre alguém
a prestar vassalagem
e a render-se à tua imagem
de Narciso bem penteado
tirando da garagem um coração cromado!

julgavas que a vida era um chevrolet vermelho
que a beleza bastava
para seres do mundo lago mas quebrando-se o espelho
não aguentaste o estrago.

E eu que verti uma lágrima
Por não merecer o teu olhar
Pergunto a mim mesma como pude um dia
por ti chorar.

narciso, sobre rodas vem
narciso
sobre rodas

e agora encontrar-te pergunto a mim mesmo
como pude um dia sequer amar-te
e agora encontrar-te pergunto a mim mesmo
como pude sequer amar-te

Clã