segunda-feira, 14 de julho de 2014

«Nero, que não queria ser um tirano, tomou precauções para chegar até Popeia, recorreu a atenções, quase organizou uma conspiração. A Sálvio Otão, seu amigo, foi pedida a intervenção neste assunto delicado, sem escândalo e sem barulho. Logo que Popeia se viu requestada pelo príncipe, serviu-se de todos os seus artifícios para desenvolver essa paixão nascente. Primeiramente, fingiu uma emoção misturada com surpresa, era a perturbação e o espanto de uma mulher surpreendida por um amor involuntário; não quer voltar a encontrar-se diante Nero; se o volta a ver está perdida. Desde esse momento, afectou evitar a sua presença, mesmo em público. Depois de muitas hesitações, muitas recusas e muitas premeditadas imprudências, voltaram a encontrar-se por fim e, desta vez, a palidez e as lágrimas de Popeia provaram a Nero o amor violento de que era alvo.»
 


Latour Saint-Ybars. Nero. Edição Amigos do Livro, Lisboa., p. 71