domingo, 2 de junho de 2013

Pedra de Sísifo II

Agora medirei o tempo
Pela vara erguida ao meio-dia
Pela areia a descer o coração
E o sono
 
Pela cinza no cabelo de Jacob
Pelas agulhas no colo de Penélope
 
Agora lavarei a minha face
Sem perturbar os círculos da água
Medirei o tempo pelo peso da pedra
De Sísifo, perto do cimo
E pelo musgo que dificulta
A firmeza dos seus pés
 
Partirei sozinho na viagem
Sem nenhuma pedra ou senda repetida
E no tempo repetido acharei uma saída
Uma manhã depois de uma manhã
 
 
Daniel Faria. Poesia. Edição de Vera Vouga. Editora Quasi., p. 70