sábado, 10 de novembro de 2012

 
«Sinto», anotou, «algo em mim, e não sei ao certo o que é».
    Depois riscou depressa a frase e em seu lugar escreveu:
 «Devo estar doente...insano!»
   Sentiu um calafrio, pois essa palavra era agradavelmente patética. «Insano - o que me faz estranhar mais as coisas que são normais para os outros? E porque é que esta estranheza me atormenta? E porque é que esta estranheza provoca em mim uma sensualidade carnal?»
 
 
Robert Musil. O Jovem Törless. Edição «Livros do Brasil» Lisboa, 1987., p. 153