Sofia, num grito abafado.
Nenhum de nós se conhece. Nenhum de nós se conhece! Temos aqui vivido há muitos anos dominados por uma sombra. Eu já não posso mais!...
Gebo
Filha!
Sofia
Tenho-lhe medo! Tenho-me medo! Antes o não tornasse a ver! O seu coração pôs-se pedra. De noite acorda aos gritos e o seu riso gela-me.
Gebo
Oh!
Sofia
Se o pai visse como eu o vejo!...Se o ouvisse!...
Raúl Brandão.
O Gebo e a Sombra.Edição de A «Renascença Portuguesa», Porto, 1923., p. 90