domingo, 2 de setembro de 2012

Quietas, belas árvores, e tu detém-te, terra!
Falta-me o ar ao penetrar em ti.
A noite cruza o mar e esconde a aldeia,
as estrelas lá em cima e à nossa volta o bosque.
Como está perto o céu e que mover adverso
o dos homens que as mulheres abraçam, sombrio
uivar dos cães, que sobe de Maestrale para o meu peito!
Aguda água de distância é para mim de cinza
e chama-me, talvez me queira até
uma dor agarra-me as entranhas,
tristeza de estar ali, silvos de vento,
e a memória que o bosque habita,
o corpo que cansado olha o que sente.
Oh, como o ar se retarda, e como a água
funda vai passando e quase não se ouve.



Franco Loi. Memória. Tradução colectiva (Mateus, Março de 1992, revista e apresentada por António Osório.) Quetzal Editores, 1993 p. 43