« - Aborrece-te falar, Zorba?
- Não é que me aborreça, patrão - respondeu -, mas custa-me fazê-lo.
-Custa-te? Porquê?
Não respondeu imediatamente. Passeou lentamente, mais uma vez o olhar ao longo da margem. Tinha dormido na ponte e os cabelos grisalhos e ondulados pingavam do orvalho. Todas as rugas profundas do rosto, do queixo e do pescoço eram iluminadas até ao fundo pelo Sol nascente. Por fim os lábios grossos e pendentes, como os de um bode, mexeram.
- De manhã custa-me a abrir a boca. Custa-me muito, desculpa.»
Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 25/6
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