É um homem com uma face virada para o
fim das ondas, um homem com uma dança
dentro dos olhos. Está a ser pintado por uma
mão antiga e, atrás dele, uma mulher deita-se
em cima do vidro enquanto os pássaros e as
formigas esperam, encostados a uma trepadeira.
Um sopro aproxima-se, uma coisa a arder no
barro. É o vaso com pólenes trazido pelo
pedreiro. Coloca-o à sua frente como se estivesse
sentado num eucalipto e vislumbrasse uma
jovem rapariga a acender um forno para secar
o seu próprio cabelo.
Jaime Rocha. Necrophilia. Prefácio de João Barrento.
Relógio D' Água, 2012., p. 61
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