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«Ri-me para a queda da água que, por entre os pinheiros, desgrenhava a sua cabeleira loura: pela crina prateada, reconheci a deusa.

  Então, um a um, levantei os véus. Na alameda, agitando os braços. Pela planície, onde a denunciei ao galo. Na grande cidade, a deusa fugia através de cúpulas e campanários e, correndo no cais de mármore como um mendigo, fui atrás dela.

  Ao cimo da estrada, perto da mata de loureiros, cobria com os seus véus arrebanhados a esmo, e senti, ao de leve, o seu corpo imenso. A madrugada e a criança caíram aos pés do bosque.

   Ao despertar, era meio-dia.»

Arthur Rimbaud. O Rapaz Raro. Iluminações e poemas. Tradução de Maria Gabriela Llansol. Redógio D' água, Lisboa, 1998., p. 89