«o fascínio da morte - nada há,
neste mundo humano, que eu possa amar.
Tudo me faz sofrer: esta gente
servil que obedece a cada chamada
que aos seus senhores apraz fazer,
adoptando, sem suspeita, os mais infames
hábitos das vítimas predestinadas;
o cinzento das roupas pelas ruas cinzentas;
os gestos cinzentos em que parece gravada
a cumplicidade com o mal que a invade;
a sua agitação em redor de um bem-estar
ilusório, como um rebanho em redor de uma seara:
a sua regularidade de maré que alterna
multidões e desertos pelas ruas,
em fluxos e refluxos obcecados»
Pier Paolo Pasolini. Poemas. Tradução de Maria Jorge
Vilar de Figueiredo. Assírio & Alvim, Lisboa, 2005., p. 221-223
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