segunda-feira, 8 de agosto de 2011

VI

  «Oh, se ao menos nada tivesse feito por simples preguiça! Céus, como me teria respeitado. Teria conseguido respeitar-me porque, pelo menos, havia sido capaz de ser preguiçoso; teria havido em mim pelo menos uma qualidade que quase poderíamos dizer positiva e que serviria para eu acreditar em mim mesmo. Pergunta: o que é ele? Resposta: um mandrião. Que agradável teria sido ouvir tal coisa sobre a minha pessoa! Quereria dizer que eu estava absolutamente definido, quereria dizer que havia algo a dizer sobre mim. «Mandrião»: vejam bem, é um chamamento e uma vocação, é uma carreira. Não gracejem, é isso mesmo.»



Fiódor Dostoiévski. Notas do Submundo. Trad. Rosário Morais da Silva. Publicações Europa-América, Lisboa, 2007., p. 17

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