« - Porque é que tu... - começou ela e depois parou. Mas eu compreendi: havia na sua voz algo diferente, já não saía abrupta, ríspida e inabalável como antes, agora era suave e acabrunhada, tão acabrunhada que, de repente, me senti envergonhado e culpado.
- O quê? - perguntei, com enternecida curiosidade.
- Porque é que tu...
- O quê?
- Porque é que tu...falas como uma espécie de livro? - perguntou ela, e havia novamente uma nota de ironia na sua voz.»
Fiódor Dostoiévski. Notas do Submundo. Trad. Rosário Morais da Silva. Publicações Europa-América, Lisboa, 2007., p. 88/9
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