terça-feira, 29 de março de 2011

Poema para a padeira que estava a fazer pão enquanto se tratava a batalha de Aljubarrota

Está sobre a mesa e repousa
o pão
com uma arma de amor
em repouso

As armas guardam no campo
todo o campo
Já os mortos não aguardam
e repousam

Dentro de casa ela aguarda
abrir o forno
Ela tem mão que prepara
o amor

Pelos campos todos armas
não repousam
nem aguardam mais os mortos
ter amor

Sobre a mesa põe as mãos
pôs o pão
Fora de casa o rumor
sem repouso

Ela agora abre o fogo
pão
sem repouso ouve os mortos
lá de fora

Lá de fora entram armas
os homens
As mãos dela não repousam
acolhem

Sobre a mesa pôs o pão
arma de paz
Contra as armas da batalha
arma de mão

Contra a batalha das armas
não repousa
Caem contra a mesa os mortos
contra o forno

Outra paz não defende ela
que a do pão
Defende a paz que é da casa
e das mãos.




Fiama Hasse Pais Brandão. Obra Breve. Editorial Teorema, Lisboa, 1991, p.26/7

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