domingo, 27 de março de 2011

68.

Como o coral alastra a sua morte
a arder em árvore púrpura no seio
do mar com a temente alma no meio
dos braços rubros presa do mais forte

Com beijo amargo de ruína veio
a ameaça Ela faz voto de sorte
que acre tormento a tal mando suporte
e é-lhe paga final final receio

Medida no festim desesperado
na turvação lembra a doçura amena
bebe o Lethes do tempo perturbado

qual dando eternidade em mão serena
dota a alma e a herança distribui
O ser simples de quem recusa flui.



Os Sonetos de Walter Benjamin. Tradução de Vasco Graça Moura. Campo das Letras, 1999, p.153

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