segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Vênus

«Todos os predicados inerentes a Vênus, quer à sua condição de mãe ou genitora (conceito que incorpora várias qualidades: o da dedicação, do desvelo, do cuidado, da ternura, da afeição, do mimo, do velar pelo destino de seu amado filho), quer a de musa (inspiradora do canto, da palavra e da poesia), quer de cupido (de provocadora da atracção e do desejo, móvel das paixões e dos enlaces), quer de vulgívaga (de amante e de concubina), quer de femina (da mulher que quer amar e ser amada, acompanhar e ter companhia, receber e dar prazer, fertilizar e ser fertilizada)... todos esses predicados qualificam, de Vênus, os atributos de sua representação inquestionável: a do amor. Tanto do amor calmo, terno, afável e altruísta, quanto do amor efervescente, ou seja, do amor-paixão, que, ao mesmo tempo, é sábio e desajuizado.»


Miguel Spinelli. Lucretius and Virgil the Many Faces of Venus: muse, mother and prostitute. in Hypnos, São Paulo, Número 23, 2º Semestre 2009, p. 273

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