sábado, 12 de fevereiro de 2011

«Todos os dias, a todos os minutos, tereis diante dos olhos essa mãe terna a que a vossa mão bárbara terá lançado no túmulo, ouvireis a sua voz queixosa pronunciar mais uma vez o doce nome que foi o encanto da vossa infância...Ela aparecer-vos-á nas nossas vigílias, perseguir-vos-á nos vossos sonhos, abrirá com as suas mãos ensanguentadas todas as feridas que lhe tiverdes causado. Deste então, nunca mais tereis um momento de sossego na Terra, todos os vossos prazeres serão envenenados, todas as vossas ideias se perturbarão, e a mão celeste, cujo poder ignorais, vingará os dias que tiverdes destruído, deteriorará todos os vossos, e sem que tenhais fruído o resultado da vossa malvadez perecereis do remorso mortal de terdes ousado pô-la em prática.»




Marquês de Sade. Justine ou Os Infortúnios da Virtude. Tradução de Adelino dos Santos Rodrigues. Livros de bolso Europa-América, 2003., p. 44

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