QUEM SOU EU?
AH, NÃO, NÃO DIGO...
Quem sou eu? Ah, não, não digo;
se digo, sou conhecido.
E, se me conhecem mesmo,
vou à forca, pelo menos.
Não tenho machado à mão,
se tiver de ser brigão;
pasta longe meu cavalo,
nem fugir, se necessário.
E para quê tanta pressa,
quando me pesa a cabeça?
E não só, e o coração -
vinho e mulher falsos são.
Se, ao largar a rameira,
cozo eu a bebedeira,
e me vão alferes ao pêlo -
quem eu sou hei-de dizê-lo!
Bratislava, Maio de 1843
Sándor Petőfi in Antologia da Poesia Húngara. Selecção e tradução de Ernesto Rodrigues. Âncora, Lisboa, 2002., p. 77
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