domingo, 30 de janeiro de 2011

Em desespero

De todo o perdeu.            E agora adiante
dos lábios de um seu             qualquer novo amante
seus lábios demanda;        na união de um qualquer
seu novo amante        o engano demanda
de ser aquele rapaz,         a quem ele se entrega.

De todo o perdeu,      como se nem existisse.
Porque pretendia - ele lho disse -   pretendia salvar-se
do estigmatizado,        do mórbido prazer;
Ainda era tempo de -   ele lho disse - salvar-se.

De todo o perdeu,      como se nem existisse.
Por imaginação,       por alucinações
nos lábios doutros rapazes          os lábios dele demanda;
sentir procurando     seu amor de novo.



Konstandinos Kavafis. Poemas e prosas. Tradução de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis. Relógio D'Água. Lisboa, 1994., p. 111

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