sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

[xviii]

em tempo de narcisos ( que sabem
 o sentido da vida é crescer)
esquecendo porquê, recorda como

em tempo de lilases que proclamam
o desígnio da vigília é sonhar,
recorda assim (esquecendo parece)

em tempo de rosas (que assombram
o nosso agora e aqui com o paraíso)
esquecendo se, recorda sim

em tempo de todas as doçuras para além
do que quer que a mente possa entender,
recorda busca (esquecendo acha)

e num mistério a haver
(quando o tempo do tempo nos livrar)
esquecendo-me, recorda-me



e.e. cummings. XIX poemas. Edição bilingue. Selecção, tradução e notas Jorge Fazenda Lourenço. Assírio & Alvim, 1991, p.65

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