sábado, 6 de novembro de 2010

«Aquilo que o novelista exibe de si mesmo não são os seus encantos secretos, como a rapariga desenvolta, mas demónios que o atormentam e obcecam, a parte mais feia de si mesmo: as suas nostalgias, as suas culpas e os seus rancores.»


Mário Vargas Llosa. História secreta de uma novela.Tradução de António José Massano. Mínima 1. Assírio&Alvim, Lisboa, 1973., p.9

2 comentários:

  1. Beatriz tenho dúvidas em relação a esta afirmação do actual prémio Nobel. só fará sentido conforme a definição que subentende de novelista. será que fala sobre o processo real de um escritor que se desvenda ou antes como um processo
    inconsciente, uma associação livre de palavras que circulam nos quartos escondidos da mente no processo da escrita? sendo assim o resultado é uma terapia sem terapeuta mas também me custa a ver só o lado negro, demónios, culpas e rancores, sem lugar ao belo.

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  2. De facto, eu quando aqui cito autores, como não dou uma continuidade ou situo as suas palavras, pode realmente dar azo a algumas confusões.

    Prolongo as palavras de Lhosa, que, penso, que poderão esclarecer aquilo que o autor quer dizer:

    «(...) o novelista começa por estar despido e acaba vestido. As experiências pessoais (vividas, sonhadas, ouvidas, lidas) que constituíram o principal estímulo para escrever a história mantêm-se tão maliciosamente disfarçadas durante o processo de criação que, uma vez terminada a novela, ninguém, muitas vezes nem o próprio novelista, pode escutar facilmente esse coração autobiográfico que palpita fatalmente em toda a ficção.»

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