domingo, 17 de outubro de 2010

XVIII


A Morte veio e levou-o de mim.
(...)
Acho que (de mim tão amigo e chegado)
Nesta aparência de mortal frialdade,
Senti sobre a face o sopro abafado
Do grande vortéx da eternidade.

Tão perto, que a Morte parecer tocar
Meu corpo tremente; triste me parece
Que a Morte junto a mim não vai voltar
Salvo por mim mesmo...
(...)
Alguns morrem na batalha sangrenta,
Alguns no cadafalso, outros esfaqueados,
Outros dão o ser sem qualquer contenda,
Mas os mártires por outros são imolados.

Morrem alguns no leito de agonia,
Noutros funda angústia os arranca à sorte,
Uns partem sem ver quão belo é o dia,
Outros bem tarde. Mas morte é sempre morte.





Alexander Search (1904). Poesia. Ed e Trad. Luísa Freire. Assírio&Alvim, Lisboa, 1999., pp. 331

Sem comentários:

Enviar um comentário