segunda-feira, 25 de outubro de 2010

«O meu tempo corria como o tempo corre...ao acaso. Nada me pertencia já. Bastarda a casa, bastardos os ares respirados nela. Quantos anos teria eu então?Doze, treze, catorze. Até o gosto de vestir perdi porque tudo me retiravam; de vestir e de andar limpa e bem pregada. Só a imaginação me sustinha. A imaginação, digo; isto que aos jovens compensa de muitas faltas, da ternura, das satisfações, dos desejos realizáveis, de pequenas e grandes coisas.»



Irene Lisboa. Uma Mão Cheia de Nada Outra de Coisa Nenhuma. Livraria Figueirinhas, Porto, 1989., p. 35

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