quinta-feira, 5 de agosto de 2010

«Quando a minha mãe, num lívido vestido húmido e sob a névoa que caía (era assim que a recordava claramente), correra, ofegante, pela encosta acima do Moulinet, para aí ser fulminada por um raio, eu era apenas um bebé e, em retrospectiva, não pude atribuir a nenhum momento da minha juventude quaisquer anseios e nostalgias do tipo aceito, por muito selvaticamente que os psicoterapeutas insistissem nesse ponto, nos meus períodos posteriores de depressão. Mas admito que um homem com a minha imaginação não pode alegar ignorância pessoal de emoções que são universais.»


Vladimir Nabakov. Lolita. Livros de bolso europa-américa. Trad. Fernanda Pinto Rodrigues, 1995., p.298

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