Se a beleza imensa me responde ou não
Procurando-te como estou a procurar-te,
não posso ofender-te, deus, o que tu fores;
nem poderias ser ente de ofensa.
Se te posso, e eu sei que posso, ouvir
todo o mistério que és,
e não mo dizes como to pergunto,
não estou a ofender-te.
E sei que te penso
da melhor maneira que eu quero,
em verdade de beleza,
beleza de verdade que é o meu percurso.
E, se te penso assim,
eu não posso ofender-te.
Graças, eu dou-tas sempre. A quem as dou?
À beleza imensa, se eu as dou,
pois sou bem capaz de conseguir,
que tu tocaste, que és tu.
Se a beleza imensa me responde ou não,
eu sei que não te ofendo nem a ofendo.
Juan Ramón Jimenez. Antologia Poética. Selecção e Trad. de José Bento. Relógio D'Água, 1992, p. 182/3
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