segunda-feira, 10 de maio de 2010

1

I

por caminhos de lavanda e urze: raso,
o sangue sob a plaina dos dedos,

enquanto a mão aprende
toda a beatitude do mundo


a mão alçada sobre a lua dos olhos,
o gesto é conciso
como uma imagem impossível


II

depois, ameias entre os venenos,
os versos:

carótida, laringe, fuligem, falange


os versos: um secreto combate, os versos

tantas vezes não mais que sombras

entre a luz nocturna da lâmina
e a doçura da pálpebra



III

em verdade falo apenas do que há
dentro dos nomes

o que há dentro de um nome?

em verdade falo apenas de um imóvel caminho

um lentíssimo modo de rumar
ao silêncio


Luís Felício

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