sexta-feira, 19 de março de 2010

A partir do deserto

Abre-se o espaço uma corola se abre
a partir do deserto
um silêncio se apaga outro silêncio de água

Desce a dançarina exacta
até ao extremo da brancura

A noite é verde
na distância dos cabelos
nenhuma imagem subsiste
nenhuma gota de sangue
o sol repousa numa obscura nuvem

Absoluta a suavidade sem espera
um aroma sem aroma
o silêncio entre os corpos


António Ramos Rosa in Gravitações. Colecção de Viva Voz. Litexa, 1983, pp.20

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