domingo, 21 de março de 2010

(...)

Está sozinho, sonhando-se. (Que a glória
É uma das maneiras do olvido.)

Pelos vidros a iluminação
Duma tarde mais toca o livro de couro
E outra vez arde outra se gasta o ouro
Que envaidece a encardenação.

Na solitária sala o silencioso
Livro viaja no tempo. As auroras
Ficam p'ra trás e as nocturnas horas
E a minha vida, sonho pressuroso.


(excerto do poema Ariosto e os árabes)


Jorge Luis Borges in Poemas Escolhidos. Edição bilingue.
Selecção e Trad. Ruy Belo. Dom Quixote, Lisboa, 2003, pp.57

Sem comentários:

Enviar um comentário