sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A árvore só pode tornar-se chama florescente,
o homem chama falante, o animal chama
errante.


Um dia, o homem poderá vigiar e dormir con-
tinuamente, simultâneamente. A maior parte do
nosso corpo, da própria humanidade, ainda
dorme um sono profundo.


Tudo é naturalmente eterno. A mortalidade e a
instabilidade são privilégio das naturezas su-
periores.


No mundo há só um templo: o corpo humano.
Nada mais sagrado do que esta forma sublime.
Inclinarmo-nos perante um homem, é render
homenagem a esta revelação na carne. É no
céu que tocamos quando tocamos num corpo
humano.


Todo o objecto amado é o centro de um paraíso.

Nenhuma palavra está completa. As palavras
ora são vogais ora são consoantes, palavras
que valem por si próprias e palavras que valem
por acompanhamento.

Que é o homem? Um tropo perfeito do espírito.

Todos os homens são variações de um indiví-
duo completo, isto é, de uma boda.

Urge que o verdadeiro leitor seja o autor
aumentado.


Friedrich Leopold Freiherr von Hardenberg dito Novalis in «Fragmentos». Trad. Mário Cesariny.
Assírio & Alvim, 1986.

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