As tardes que serão e têm sido
são uma só, inconcebivelmente.
São um claro cristal, só e dolente,
inacessível ao tempo e seu olvido.
São os espelhos dessa tarde eterna
que num céu se entesoura.
Naquele céu então o peixe, a aurora
a balança, a espada e a cisterna.
Um e todos os arquétipos. Assim Plotino
nos ensina nos seus livros, que são nove;
pode bem ser que a nossa vida breve
seja um reflexo fugaz do divino.
A tarde elementar ronda a casa.
A de ontem, a de hoje, a que não passa.
Jorge Luis Borges (1985)
in Os conjurados
Editora Difel, 2 ª ed.
Tradução de Maria Piedade M. Ferreira e
Salvato Teles de Meneses
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