quarta-feira, 18 de setembro de 2024

 
«Não é de espantar que sejas bela,
que voes só para outros e não para ti.
Não passas de uma lagarta de visom
incendiando paixões de terceira idade,
tudo ilusão, vaidade, pretensão,
escapando sob pós de perlimpimpim
dos dedos mágicos de criança.»


Daniel Jonas. Cães de Chuva. Assírio & Alvim, Porto Editora.2021 , p. 38

''cedo cedendo à velhice''

Daniel Jonas. Cães de Chuva. Assírio & Alvim, Porto Editora.2021 , p. 38

''crisálida do entomólogo''

Daniel Jonas. Cães de Chuva. Assírio & Alvim, Porto Editora.2021 , p. 38

 « não tenho força para a revolta,
morreu-me o cão, a pátria, absolvição.»


Daniel Jonas. Cães de Chuva. Assírio & Alvim, Porto Editora.2021 , p. 36

 The Lover (1992)

Director: Jean-Jacques Annaud



 «Um poema é
ser o rapaz de há uma eternidade atrás.»

Daniel Jonas. Cães de Chuva. Assírio & Alvim, Porto Editora.2021 , p. 35

 «Fui alegre quando triste e feliz ao fim e ao cabo

quando pensando muito sobre isso não pensava nada.»


Daniel Jonas. Cães de Chuva. Assírio & Alvim, Porto Editora.2021 , p. 31

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

 ''Eu quero o mapa das nuvens e um barco bem vagaroso.''

Mario Quintana

 ''Não há mortos que morram tanto como os nossos''

Gonçalo M. Tavares


Fotografia de Júlio de Matos,
da série Retratos - Imaginário & Afeto

 

«Para conseguirem que María adormecesse nessa primeira noite, tiveram de lhe injectar um sonífero. Ao romper do dia, quando a vontade de fumar a acordou, viu-se amarradas pelos pulsos e tornozelos às grades da cama. Ninguém acudiu aos seus gritos.»

Gabriel García Márquez. Doze contos peregrinos. Conto ''Só vim fazer um telefonema (1978)''  Tradução Miguel Serras Pereira. Publicações Dom Quixote, 1992., p. 101

 «Alguma coisa se passou então no espírito de María fazendo-a compreender porque é que as mulheres do autocarro se moviam como se estivessem no fundo de um aquário. Na realidade, estavam sedadas com tranquilizantes, e aquele palácio de sombras, com espessos muros de cantaria e escadas geladas, era na realidade um hospital de doentes mentais.''

Gabriel García Márquez. Doze contos peregrinos. Conto ''Só vim fazer um telefonema (1978)''  Tradução Miguel Serras Pereira. Publicações Dom Quixote, 1992., p. 100/101

''aguaceiros primaveris''

Gabriel García Márquez. Doze contos peregrinos. Conto ''Só vim fazer um telefonema (1978)''  Tradução Miguel Serras Pereira. Publicações Dom Quixote, 1992., p. 91


                                                                   Mira Nedyalkova

'' - Só a poesia é clarividente - disse ele.''

Gabriel García Márquez. Doze contos peregrinos. Conto ''Alugo-me para Sonhar (1980)''  Tradução Miguel Serras Pereira. Publicações Dom Quixote, 1992., p. 91

Alugo-me para Sonhar (1980)

Gabriel García Márquez. Doze contos peregrinos. Conto ''Alugo-me para Sonhar (1980)''  Tradução Miguel Serras Pereira. Publicações Dom Quixote, 1992., p. 83

 ''na primavera anterior eu lera um belo romance de Yasunari Kawabata sobre os velhos burgueses de Quioto que pagavam somas enormes para passarem a noite a contemplar as raparigas mais belas da cidade, despidas e narcotizadas, enquanto agonizavam de amor ao lado delas, na mesma cama.''

Gabriel García Márquez. Doze contos peregrinos. Conto ''A Santa''.  Tradução Miguel Serras Pereira. Publicações Dom Quixote, 1992., p. 80/1

''anel de um noivado efémero''

Gabriel García Márquez. Doze contos peregrinos. Conto ''A Santa''.  Tradução Miguel Serras Pereira. Publicações Dom Quixote, 1992., p. 80

“eu cá acho que sim,/ acho que apesar de tudo escrevi um poema aceitável,/ um poema que amadurou em mim ao longo de oitenta anos (…) ah, aceitem lá a pequenez geral da minha vida/ e do meu nome obscuro,/ e o quão honesto sou odiando tudo isso”.


Herberto Helder

''quanto mais velho mais duro é o corno - disse o papa''


Herberto Helder. Letra Aberta. Poemas inéditos escolhidos por Olga Lima. Porto Editora, 2016., p. 58

''sopra-me na boca''

Herberto Helder. Letra Aberta. Poemas inéditos escolhidos por Olga Lima. Porto Editora, 2016., p. 52

 ''enterrem-me o mais fundo possível,

que eu seja devorado pelas raízes,''


 Herberto Helder. Letra Aberta. Poemas inéditos escolhidos por Olga Lima. Porto Editora, 2016., p. 50
 enquanto a grande ferida sara não sara,
a ferida da memória,
mas por trás o sangue tão devagar dói,
tão fundo dói, e passa
um dia ainda, com sua noite adjunta, e desemboca,
o sangue impuro que uma vez mais se purifica
até um outro dia, e esse já não, que com certeza,
e então espero mais vinte e quatro horas de mais nada
que como quando 
um dia em que penso ou não penso,
um que não passa tão certamente desatento,
errático, diz alguém não sei onde e quando,
que só aqui e só agora digo,
mas não faço,
enfim: não morro por enquanto,
só um pouco mais tarde, porque afinal um homem é de ferro


 Herberto Helder. Letra Aberta. Poemas inéditos escolhidos por Olga Lima. Porto Editora, 2016., p. 49

sábado, 14 de setembro de 2024



a dance of the acceptance of life .(fellini)
a dance of the acceptance of death .(bergman)






 “A vida é feita de escolhas. E cada escolha, por mais insignificante que pareça, traz consigo consequências que não podemos prever. Ninguém pode evitar o impacto das suas decisões. Caminhamos por um terreno incerto, e a cada passo, moldamos o nosso destino, quer queiramos ou não. A única certeza é que o passado não pode ser desfeito, e o futuro é a soma de cada um desses passos.”

José Saramago, Ensaio Sobre a Cegueira
“I know no woman – virgin, mother, lesbian, married, celibate – whether she earns her keep as a housewife, a cocktail waitress, or a scanner of brain waves – for whom her body is not a fundamental problem: its clouded meaning, its fertility, its desire, its so-called frigidity, its bloody speech, its silences, its changes and mutilations, its rapes and ripenings”

(Adrienne Rich, 1976, Of Woman Born)--the Absent Father Effect on Daughters, Father Desire, Father Wounds - Susan E Schwartz

 

besuga

 Açorescoloquial
nome feminino
mulher bonita, atraente

 

andar a pingar
viver pobremente

 

armar ao pingarelho
1.
usar de artifícios para obter um favor alheio
2.
procurar sobressair, muitas vezes fazendo-se passar por aquilo que não se é

 ''(...)gestos artísticos e não apenas bandeiras erguidas ao sabor das modas e como reacção à actualização do pensamento crítico sobre o funcionamento do mundo.''


https://www.artecapital.art/perspetiva-283-catarina-real-yuko-mohri-i-compose-i-


 “Com os amigos aprendi que o que dói às aves / Não é o serem atingidas, mas que, / Uma vez atingidas, / O caçador não repare na sua queda.”

Daniel Faria, “Pórtico”, in op. cit, 2015, p. 399.


 



2016 Film EssaysOf Love and Other Demons: ‘The Marriage of Maria Braun’ (R.W. Fassbinder, 1979)

 “Não voltarei a dividir / As aves — o canto e as asas —”