domingo, 31 de dezembro de 2023

''Senhor Acanhamento''

Bob Dylan. Tarântula. Tradução de Vasco Gato. Relógio D'Água Editores, 2016., p. 63


Robert Frank und seine Frau Mary, geborene Lockspeiser, mit Tochter Andrea, New York 1956

 

« (...)  - regressa num barco lento à tua culpa, à tua poluição, ao reino da tua tristeza »

Bob Dylan. Tarântula. Tradução de Vasco Gato. Relógio D'Água Editores, 2016., p. 57

 ''tu, rainha, a aranha - caíste na teia do suor''

Bob Dylan. Tarântula. Tradução de Vasco Gato. Relógio D'Água Editores, 2016., p. 56

 «(...), estou a safar-me, tenho uma canção nova contra os isqueiros. uma empresa de carteira de fósforos ofereceu-me fósforos de graça até ao fim da minha vida, mais uma fotografia minha em todas as carteiras de fósforos, mas sabes como eu sou, era preciso muito mais do que isso para eu me vender - »

Bob Dylan. Tarântula. Tradução de Vasco Gato. Relógio D'Água Editores, 2016., p. 56

Menino do Bairro Negro


Olha o sol que vai nascendo anda ver o marOs meninos vão correndo ver o sol chegarMenino sem condição irmão de todos os nusTira os olhos do chão vem ver a luzMenino do mal trajar um novo dia lá vemSó quem souber cantar vira tambémNegro bairro negro bairro negroOnde não há pão não há sossegoMenino pobre o teu larQueira ou não queira o papãoHá-de um dia cantar esta cançãoOlha o sol que vai nascendo anda ver o marOs meninos vão correndo ver o sol chegarSe até da gosto cantar se toda a terra sorriQuem te não há-de amar menino a tiSe não é fúria a razãoSe toda a gente quiserUm dia hás-de aprender haja o que houverNegro bairro negro bairro negroOnde não há pão não há sossegoMenino pobre o teu larQueira ou não queira o papãoHá-de um dia cantar esta canção


"L'art, c'est lá vie supportable"

Henri Fantin-Latour

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

"A minha fotografia é muito mais uma vivência, e retrata situações que estou a pensar ou a elaborar, a procurar solução para problemas. É a perspetiva de quem vê. Isso é importante e vai mudando, com o que vai acontecendo"

Fotógrafa Rita Barros

“The last cigarette” (2004) // Fotógrafa Rita Barros




 “As imagens retratam o processo de uma decisão e o prazer de fumar o que será o último cigarro terminando com a beata morta no cinzeiro. The Last Cigarette representa o optimismo de acreditar na força de vontade e que uma decisão uma vez tomada não admite retorno.”

«Passei a noite de Natal na solidão noturna do jardim.»

Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 95

 «Morte e nascimento, chegada e partida, misturam-se numa profunda melancolia.»

Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 89

«O meu salgueiro, a minha amada, esvaíra-se em sangue.»

Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 84


Photograhy by Hélène Desplechin

 

''a dominação é desprovida de encanto''

Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 80

 «E, eu, em que estado me encontra-
va? Não estava como uma lira quebra-
da? Ainda soltava alguns sons, mas
eram sons de morte. Tinha cantado o
meu sombrio canto de cisne! Gostaria
de ter feito uma coroa funerária, mas 
apenas tinha flores de Inverno.»


Friedrich Holderlin, Hipérion

''pia de pedra cheia de água''

Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 70

 Segundo Walter Benjamin, o que caracteriza o verdadeiro colecionador é uma estupefação perante as coisas, ou seja, essa capacidade de inspiração que precede a posse: ''Assim que [o colecionador] tem [as coisas] nas suas mãos, parece inspirado por elas, parece olhar através delas na direção da sua distância, como se fosse um mago.''


Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 70




                                                              Photograhy by Hélène Desplechin
 

 «Os nomes de flores são palavras de amor.»

Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 68

 «Só o singular torna os encontros possíveis.»

Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 67

Mimosa pudica

 Mimosa pudica, conhecida popularmente por dormideira, sensitiva, dorme-dorme, maria-fecha-a-porta ou não-me-toques

 «Mas a amizade é uma narrativa. A época digital totaliza o aditivo, o numerar e o numerável. Até mesmo os afetos são contados sob a forma de likes.»

Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 61

Dedaleira

Digitalis purpurea

«O nome latino da dedaleira é Digitalis. A palavra digital refere-se a dedo - em latim, digitus, (...)


Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 61

'' Sem luz não há sombra.''

Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 61

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

芽衣子のふて節


覚めた女が吐く ふてぜりふ
見なきゃよかつた 夢から覚めて
永雨に濡れた 髪をとく

[Chorus 1]
ああ 夜が明けなきゃ
たったひとりの 女の闇さ

[Verse 2]
覚めた女が吐く ふてぜりふ
みんな終って 悔いだけが
冷えて残って 身を責める

[Chorus 2]
ああ 闇が浴けなきゃ
たったひとりの 女が泣くさ

[Instrumental Bridge]

[Verse 3]
覚めた女が吐く ふてぜりふ
闇がつづこと あしたが来よと
群れをはなれて 息を吐く


A woman wakes up and vomits.
I shouldn't have seen it. I woke up from the dream.
Comb your hair wet from the rain

[Chorus 1]
Ah, the night has to end
The darkness of just one woman

[Verse 2]
A woman wakes up and vomits.
When everyone is done, I only have regrets
I stay cold and blame myself

[Chorus 2]
Ah, I need to bathe in the darkness
Only one woman cries

[Instrumental Bridge]

[Verse 3]
A woman wakes up and vomits.
The darkness continues, tomorrow will come
Separate yourself from the crowd and exhale


 Lady Snowblood (título original Shurayukihime) é um filme japonês de 1973 dirigido por Toshiya Fujita, com a actriz principal, Meiko Kaji.

domingo, 17 de dezembro de 2023

sábado, 16 de dezembro de 2023

As abelhas

 «Completamente embriagadas revoluteavam num mar do pólen.»

Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 55

 «O homem envelhece e morre. Não tem primavera, não desperta de novo. Murcha e apodrece. »

Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 53

Adonis annua

adónis, olho-de-perdiz, lágrimas-de-sangue, gota-de-sangue, flor-de-adónis

Campainha-de-Inverno

 Na Alemanha chamam-lhes também ''meninas bonitas de fevereiro''

''confiadamente terão caído no autoengano''

Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 26

 ''Desfeito em lágrimas, o eu renuncia à sua superioridade e toma consciência do seu próprio enraizamento na natureza. ''

Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 25

 '' as lágrimas correm dos olhos sem perguntarem primeiro à alma''

 Quando, quando chegará a manhã
- sim, quando, quando? -
que liberte a minha vida destes laços?
Vós, olhos meus, pela dor toldados,
não víeis mais que tormentos em vez de amor,
não víeis rasto de alegria,
víeis somente ferida após ferida,
trazendo-me mais dor à minha dor,
e durante toda a minha longa vida
nem uma hora de alegria.
Oxalá por fim suceda
que eu veja a hora
em que para sempre deixarei de ver!
Quando regressará a aurora
que destes laços venha desprender-me?


Ciclo de Lieder Espanhóis, Schumann

Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 19
“Desejo pouco e o pouco que desejo é pouco”.

Francisco de Assis

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

sábado, 9 de dezembro de 2023



All the world’s a stage,
And all the men and women merely players;
They have their exits and their entrances,
And one man in his time plays many parts.

— As You Like It, William Shakespeare

 ''Não Espezinhem as Vacas da Sociedade''

Bob Dylan. Tarântula. Tradução de Vasco Gato. Relógio D'Água Editores, 2016., p. 55

''...pode ser  que mudes a tua maneira de fornicar, de engolir espadas - poder ser que mudes o modo como dormes em cima de pregos''

Bob Dylan. Tarântula. Tradução de Vasco Gato. Relógio D'Água Editores, 2016., p. 53

''a rapariga do bengaleiro com um olho de vidro''

Bob Dylan. Tarântula. Tradução de Vasco Gato. Relógio D'Água Editores, 2016., p. 51

 ''acena a soldados com mãos amputadas que apanharam estilhaços de cinzeiros''


 Bob Dylan. Tarântula. Tradução de Vasco Gato. Relógio D'Água Editores, 2016., p. 48

'' Guitarras a Beijarem-se & a Dose Contemporânea''

Bob Dylan. Tarântula. Tradução de Vasco Gato. R2elógio D'Água Editores, 2016., p. 47

''protejo-te das palavras desonestas & da fidelidade às obras poderosas''

 Bob Dylan. Tarântula. Tradução de Vasco Gato. R2elógio D'Água Editores, 2016., p. 44

 ''ontem à noite tentou enforcar-se...
pensei em imediatamente em interná-la,
mas porra é a minha gaja,
& toda a gente me iria olhar de forma estranha
por viver com uma maluca''

Bob Dylan. Tarântula. Tradução de Vasco Gato. Relógio D'Água Editores, 2016., p. 39

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

''Respeitar exige louvar.''

Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 12



"Como pintor, torno-me mais lúcido quando confrontado com a Natureza."

Paul Cézanne

 ''Evidência'' significa originalmente ver. Vi.

Byung-Chul Han. Louvor da Terra. Tradução de Miguel Serras Pereira. Relógio D' Água. 2020., p. 11

 « Do voo das aves, os sinais confusos lêem
Leprosos, que, de noite, talvez, apodreçam.»

Georg Trakl. Poemas. Tradução e Prefácio António de Castro Caeiro. Editora Abysmo., p. 41

Nick Cave and The Bad Seeds - Hollywood


The fires continued through the night
The kid with a bat face appeared at the window
Then disappeared into the headlights

I was halfway to the Pacific Coast
I had left you in your longing
In your yearning like a ghost

There is little room for wonder, now
And little room for wildness too
We crawl into our wounds
I’m nearly all the way to Malibu

I’m gonna buy me a house up in the hills
With a tear-shaped pool and a gun that kills
Cause they say there is a cougar that roams these parts
With a terrible engine of wrath for a heart
That she is white and rare and full of all kinds of harm
And stalks the perimeter all day long
But at night lays trembling in my arms

And I’m just waiting now for my time to come
And I’m just waiting now for my time to come
And I’m just waiting now for my place in the sun
And I’m just waiting now for peace to come

And I’m just waiting now for my time to come
And I’m just waiting now for my time to come
And we hide in our wounds
And I’m nearly all the way to Malibu
And I know my time will come one day soon
I’m waiting for peace to come
I’m nearly all the way to Malibu
Oh babe, we’re on the run, we’re on the run
Half down the Pacific Coast
Well I left you sleeping like a ghost
In your wounds

Darling your dreams are your greatest part
I carry them with me in my heart
Darling your dreams were your greatest part
I carry them with me in my heart
Somewhere, don’t know

Now I’m standing on the shore
All the animals roam the beaches
And sea creatures rise out of the sea.
And I’m standing on the shore
Everyone begins to run
The kid drops his bucket and spade
And climbs into the sun

****

Kisa had a baby but the baby died
Goes to the villagers says my baby’s sick
Villagers shake their heads and say to her
Better bury your baby in the forest quick

It’s a long way to find peace of mind, peace of mind
It’s a long way to find peace of mind, peace of mind

Kisa went to the mountain and asked the Buddha
My baby’s sick! Buddha said, don’t cry
Go to each house and collect a mustard seed
But only from a house where no one’s died

Kisa went to each house in the village
My baby’s getting sicker, poor Kisa cried
But Kisa never collected one mustard seed
Because in every house someone had died

Kisa sat down in the old village square
She hugged her baby and  cried and cried
She said everybody is always losing somebody
Then walked into the forest and buried her child

Everybody’s losing someone
Everybody’s losing someone
It’s a long way to find peace of mind, peace of mind
It’s a long way to find peace of mind, peace of mind
And I’m just waiting now for my time to come
And I’m just waiting now for peace to come
For peace to come

«Oh!, há quanto tempo, Elis, morreste.»

Georg Trakl. Poemas. Tradução e Prefácio António de Castro Caeiro. Editora Abysmo., p. 35

''olhos lunares''

Georg Trakl. Poemas. Tradução e Prefácio António de Castro Caeiro. Editora Abysmo., p. 35

«E a interpretação obscura do voo das aves.»

Georg Trakl. Poemas. Tradução e Prefácio António de Castro Caeiro. Editora Abysmo., p. 35

CREPÚSCULO DE INVERNO

 Para Max von Esterle
Negro céu de metal.
A flutuar, atravessam tempestades vermelhas,
De noite, as gralhas enlouquecidas de fome,
Lívidas, sob o relvado do parque.

Nas nuvens, congela um raio até morrer;
E, ante as maldições de Satanás, contorcem-se
As gralhas em sete círculos e 
Descem sete vezes.

Na podridão, doce e sem sabor,
Aparam, em silêncio, os seus bicos.
Ameaçam casas das paragens em redor;
Claridade no teatro.

Igrejas, pontes e o hospital,
Horríveis de ver, de pé, ao crepúsculo.
Telas de linho manchadas se sangue,
Velas que incham ao vento no canal.


Georg Trakl. Poemas. Tradução e Prefácio António de Castro Caeiro. Editora Abysmo., p. 25

'' Na folhagem encarnada cheia de guitarras''

Georg Trakl. Poemas. Tradução e Prefácio António de Castro Caeiro. Editora Abysmo., p. 19

Bob Dylan - Murder Most Foul


Twas a dark day in Dallas, November '63A day that will live on in infamyPresident Kennedy was a-ridin' highGood day to be livin' and a good day to dieBeing led to the slaughter like a sacrificial lambHe said, "Wait a minute, boys, you know who I am?""Of course we do, we know who you are"Then they blew off his head while he was still in the carShot down like a dog in broad daylightWas a matter of timing and the timing was rightYou got unpaid debts, we've come to collectWe're gonna kill you with hatred, without any respectWe'll mock you and shock you and we'll put it in your faceWe've already got someone here to take your placeThe day they blew out the brains of the kingThousands were watchin', no one saw a thingIt happened so quickly, so quick, by surpriseRight there in front of everyone's eyesGreatest magic trick ever under the sunPerfectly executed, skillfully doneWolfman, oh Wolfman, oh Wolfman, howlRub-a-dub-dub, it's a murder most foul
Hush, little children, you'll understandThe Beatles are comin', they're gonna hold your handSlide down the banister, go get your coatFerry 'cross the Mersey and go for the throatThere's three bums comin' all dressed in ragsPick up the pieces and lower the flagsI'm goin' to Woodstock, it's the Aquarian AgeThen I'll go to Altamont and sit near the stagePut your head out the window, let the good times rollThere's a party goin' on behind the Grassy KnollStack up the bricks, pour the cementDon't say Dallas don't love you, Mr. PresidentPut your foot in the tank and step on the gasTry to make it to the triple underpassBlackface singer, whiteface clownBetter not show your faces after the sun goes downI'm in the red-light district, like a cop on the beatLivin' in a nightmare on Elm StreetWhen you're down in Deep Ellum, put your money in your shoeDon't ask what your country can do for youCash on the barrelhead, money to burnDealey Plaza, make a left-hand turnI'm goin' down to the crossroads, gonna flag a rideThe place where faith, hope, and charity diedShoot him while he runs, boy, shoot him while you canSee if you can shoot the invisible manGoodbye, Charlie, goodbye, Uncle SamFrankly, Miss Scarlet, I don't give a damnWhat is the truth, and where did it go?Ask Oswald and Ruby, they oughta know"Shut your mouth, " said the wise old owlBusiness is business, and it's a murder most foul
Tommy, can you hear me? I'm the Acid QueenI'm riding in a long, black Lincoln limousineRiding in the backseat next to my wifeHeading straight on in to the afterlifeI'm leaning to the left, I got my head in her lapHold on, I've been led into some kind of a trapWhere we ask no quarter, and no quarter do we giveWe're right down the street from the street where you liveThey mutilated his body and they took out his brainWhat more could they do? They piled on the painBut his soul's not there where it was supposed to be atFor the last fifty years they've been searchin' for thatFreedom, oh freedom, freedom over meI hate to tell you, mister, but only dead men are freeSend me some lovin', tell me no liesThrow the gun in the gutter and walk on byWake up, little Suzie, let's go for a driveCross the Trinity River, let's keep hope aliveTurn the radio on, don't touch the dialsParkland hospital, only six more milesYou got me dizzy, Miss Lizzy, you filled me with leadThat magic bullet of yours has gone to my headI'm just a patsy like Patsy ClineNever shot anyone from in front or behindGot blood in my eye, got blood in my earI'm never gonna make it to the new frontierZapruder's film, I've seen that beforeSeen it thirty-three times, maybe moreIt's vile and deceitful, it's cruel and it's meanUgliest thing that you ever have seenThey killed him once and they killed him twiceKilled him like a human sacrificeThe day that they killed him, someone said to me, "SonThe age of the Antichrist has just only begun"Air Force One comin' in through the gateJohnson sworn in at 2:38Let me know when you decide to throw in the towelIt is what it is, and it's murder most foul
What's new, pussycat? What'd I say?I said the soul of a nation been torn awayAnd it's beginning to go into a slow decayAnd that it's thirty-six hours past Judgment DayWolfman Jack, he's speaking in tonguesHe's going on and on at the top of his lungsPlay me a song, Mr. Wolfman JackPlay it for me in my long CadillacPlay me that, "Only The Good Die Young"Take me to the place Tom Dooley was hungPlay, "St. James Infirmary" and, "The Port of King James"If you want to remember, you better write down the namesPlay Etta James, too, play "I'd Rather Go Blind"Play it for the man with the telepathic mindPlay John Lee Hooker, play "Scratch My Back"Play it for that strip club owner named JackGuitar Slim going down slowPlay it for me and for Marilyn Monroe
Play, "Please Don't Let Me Be Misunderstood"Play it for the First Lady, she ain't feeling any goodPlay Don Henley, play Glenn FreyTake it to the limit and let it go byPlay it for Carl Wilson, tooLooking far, far away down Gower AvenuePlay, "Tragedy" play, "Twilight Time"Take me back to Tulsa to the scene of the crimePlay another one and, "Another One Bites the Dust"Play, "The Old Rugged Cross" and, "In God We Trust"Ride the pink horse down that long, lonesome roadStand there and wait for his head to explodePlay, "Mystery Train" for Mr. MysteryThe man who fell down dead like a rootless treePlay it for the Reverend, play it for the PastorPlay it for the dog that got no masterPlay Oscar Peterson, play Stan GetzPlay, "Blue Sky", play Dickey BettsPlay Hot Pepper, Thelonious MonkCharlie Parker and all that junkAll that junk and, "All That Jazz"Play something for the Birdman of AlcatrazPlay Buster Keaton, play Harold LloydPlay Bugsy Siegel, play Pretty Boy FloydPlay the numbers , play the oddsPlay, "Cry Me A River" for the Lord of the godsPlay Number Nine, play Number SixPlay it for Lindsey and Stevie NicksPlay Nat King Cole, play, "Nature Boy"Play, "Down In The Boondocks" for Terry MalloyPlay, "It Happened One Night" and, "One Night of Sin"There's twelve million souls that are listening inPlay, "Merchant to Venice" play, "Merchants of Death"Play, "Stella by Starlight" for Lady Macbeth
Don't worry, Mr. President, help's on the wayYour brothers are coming, there'll be hell to payBrothers? What brothers? What's this about hell?Tell them, "We're waiting, keep coming"We'll get them as wellLove Field is where his plane touched downBut it never did get back up off the groundWas a hard act to follow, second to noneThey killed him on the altar of the rising sunPlay, "Misty" for me and, "That Old Devil Moon"Play, "Anything Goes" and, "Memphis in June"Play, "Lonely At the Top" and, "Lonely Are the Brave"Play it for Houdini spinning around his gravePlay Jelly Roll Morton, play, "Lucille"Play, "Deep In a Dream" and play "Driving Wheel"Play, "Moonlight Sonata" in F-sharpAnd, "A Key To The Highway" for the king of the harpPlay, "Marching Through Georgia" and, "Dumbaroton's Drums"Play, "Darkness" and death will come when it comesPlay, "Love Me Or Leave Me" by the great Bud PowellPlay, "The Blood-stained Banner" play, "Murder Most Foul"
Compositores: Bob Dylan
«O assassino sorri pálido no vinho,
O horror da morte agarra os doentes.
A noviça reza, ferida e nua,
À frente do sofrimento na cruz do Salvador.»

 Georg Trakl. Poemas. Tradução e Prefácio António de Castro Caeiro. Editora Abysmo., p. 17

«E ela olha para ele como se estivesse morta.»

 Georg Trakl. Poemas. Tradução e Prefácio António de Castro Caeiro. Editora Abysmo., p. 13

 «Triste, sussurra o canavial na lagoa
E, encolhida, gela de frio.
Ao longe, canta um galo. Sobre a lagoa,
Dura e cinzenta, a manhã estremece.»


 Georg Trakl. Poemas. Tradução e Prefácio António de Castro Caeiro. Editora Abysmo., p. 13

'' E ela olha-o fixamente, abalada pela dor.''

 Georg Trakl. Poemas. Tradução e Prefácio António de Castro Caeiro. Editora Abysmo., p. 11

''E, fascinada pelo declínio,
Baixa as pálpebras inflamadas.''


 Georg Trakl. Poemas. Tradução e Prefácio António de Castro Caeiro. Editora Abysmo., p. 11

''Ao anoitecer, agitam-se, nas ilhas, sussurros.''

 Georg Trakl. Poemas. Tradução e Prefácio António de Castro Caeiro. Editora Abysmo. 

domingo, 3 de dezembro de 2023

Mitski - Heaven


All of our love filling all of our roomYour low warm voice cursesAs you find the string to strike within meThat rings out a note heard in heaven
Heaven, heavenOoh-ooh-ooh-oohOoh-ooh-ooh-oohOoh-ooh-ooh-oohOoh-ooh-ooh-ooh
Now I bend like a willow thinking of youLike a murmuring brook curving about youAs I sip on the rest of the coffee you leftA kiss left of you
Heaven, heaven, heavenOoh-ooh-ooh-ooh-ooh-ooh-ooh-ooh-oohOoh-ooh-ooh-oohOoh-ooh-ooh-oohOoh-ooh-ooh-ooh
Hear the storm dances outsideSomething set free is running through the nightAnd the dark awaits us all around the cornerBut here, in our place we have for the dayCan we stay a while and listen for heaven?Heaven
Ooh-ooh-ooh-oohOoh-ooh-ooh-oohOoh-ooh-ooh-oohOoh-ooh-ooh-ooh

Compositores: Mitsuki Laycock

Poemacto - Iii

 O actor acende a boca. Depois, os cabelos.
Finge as suas caras nas poças interiores.
O actor põe e tira a cabeça
de búfalo.
De veado.
De rinoceronte.
Põe flores nos cornos.
Ninguém ama tão desalmadamente
como o actor.
O actor acende os pés e as mãos.
Fala devagar.
Parece que se difunde aos bocados.
Bocado estrela.
Bocado janela para fora.
Outro bocado gruta para dentro.
O actor toma as coisas para deitar fogo
ao pequeno talento humano.
O actor estala como sal queimado.

O que rutila, o que arde destacadamente
na noite, é o actor, com
uma voz pura monotonamente batida
pela solidão universal.
O espantoso actor que tira e coloca
e retira
o adjectivo da coisa, a subtileza
da forma,
e precipita a verdade.
De um lado extrai a maçã com sua
divagação de maçã.
Fabrica peixes mergulhados na própria
labareda de peixes.
Porque o actor está como a maçã.
O actor é um peixe.

Sorri assim o actor contra a face de Deus.
Ornamenta Deus com simplicidades silvestres.
O actor que subtrai Deus de Deus,
e dá velocidade aos lugares aéreos.
Porque o actor é uma astronave que atravessa
a distância de Deus.
Embrulha. Desvela.
O actor diz uma palavra inaudível.
Reduz a humidade e o calor da terra
à confusão dessa palavra.
Recita o livro. Amplifica o livro.
O actor acende o livro.
Levita pelos campos como a dura água do dia.
O actor é tremendo.
Ninguém ama tão rebarbativamente
como o actor.
Como a unidade do actor.

O actor é um advérbio que ramificou
de um substantivo.
E o substantivo retorna e gira,
e o actor é um adjectivo.
É um nome que provém ultimamente
do Nome.
Nome que se murmura em si, e agita,
e enlouquece.
O actor é o grande Nome cheio de holofotes.
O nome que cega.
Que sangra.
Que é o sangue.
Assim o actor levanta o corpo,
enche o corpo com melodia.
Corpo que treme de melodia.
Ninguém ama tão corporalmente como o actor.
Como o corpo do actor.

Porque o talento é transformação.
O actor transforma a própria acção
da transformação.
Solidifica-se. Gaseifica-se. Complica-se.
O actor cresce no seu acto.
Faz crescer o acto.
O actor actifica-se.
E enorme o actor com sua ossada de base,
com suas tantas janelas,
as ruas —
o actor com a emotiva publicidade.
Ninguém ama tão publicamente como o actor.
Como o secreto actor.

Em estado de graça. Em compacto
estado de pureza.
O actor ama em acção de estrela.
Acção de mímica.
O actor é um tenebroso recolhimento
de onde brota a pantomima.
O actorvê aparecer a manhã sobre a cama.
Vê a cobra entre as pernas.
O actorvê fulminantemente
como é puro.
Ninguém ama o teatro essencial como o actor.
Como a essência do amor do actor.
O teatro geral.

O actor em estado geral de graça.