terça-feira, 27 de setembro de 2016

Não estás deprimido, estás...
Não estás deprimido, estás distraído.
Distraído em relação à vida que te preenche, distraído em relação à vida que te rodeia, golfinhos, bosques, mares, montanhas, rios.
Não caias como caiu teu irmão que sofre por um único ser humano, quando existem cinco mil e seiscentos milhões no mundo. Além de tudo, não é assim tão ruim viver só. Eu fico bem, decidindo a cada instante o que desejo fazer, e graças à solidão conheço-me. O que é fundamental para viver.
Não faças o que fez teu pai, que se sente velho porque tem setenta anos, e esquece que Moisés comandou o Êxodo aos oitenta e Rubinstein interpretava Chopin com uma maestria sem igual aos noventa, para citar apenas dois casos conhecidos.
Não estás deprimido, estás distraído.
Por isso acreditas que perdeste algo, o que é impossível, porque tudo te foi dado. Não fizeste um só cabelo de tua cabeça, portanto não és dono de coisa alguma. Além disso, a vida não te tira coisas: te liberta de coisas, alivia-te para que possas voar mais alto, para que alcances a plenitude.
Do útero ao túmulo, vivemos numa escola; por isso, o que chamas de problemas são apenas lições. Não perdeste coisa alguma: aquele que morre apenas está adiantado em relação a nós, porque todos vamos na mesma direção.
E não esqueças, que o melhor dele, o amor, continua vivo em teu coração.
Não existe a morte, apenas a mudança.
E do outro lado te esperam pessoas maravilhosas: Gandhi, o Arcanjo Miguel, Whitman, São Agostinho, Madre Teresa, teu avô e minha mãe, que acreditava que a pobreza está mais próxima do amor, porque o dinheiro nos distrai com coisas demais, e nos machuca, porque nos torna desconfiados.
Faz apenas o que amas e serás feliz. Aquele que faz o que ama, está benditamente condenado ao sucesso, que chegará quando for a hora, porque o que deve ser será, e chegará de forma natural.
Não faças coisa alguma por obrigação ou por compromisso, apenas por amor.
Então terás plenitude, e nessa plenitude tudo é possível sem esforço, porque és movido pela força natural da vida. A mesma que me ergueu quando caiu o avião que levava minha mulher e minha filha;
a mesma que me manteve vivo quando os médicos me deram três ou quatro meses de vida.
Deus te tornou responsável por um ser humano, que és tu. Deves trazer felicidade e liberdade para ti mesmo.
E só então poderás compartilhar a vida verdadeira com todos os outros.
Lembra-te: "Amarás ao próximo como a ti mesmo".
Reconcilia-te contigo, coloca-te frente ao espelho e pensa que esta criatura que vês, é uma obra de Deus, e decide neste exato momento ser feliz, porque a felicidade é uma aquisição.
Aliás, a felicidade não é um direito, mas um dever; porque se não fores feliz, estarás levando amargura para todos os teus vizinhos.
Um único homem que não possuiu talento ou valor para viver, mandou matar seis milhões de judeus, seus irmãos.
Existem tantas coisas para experimentar, e a nossa passagem pela terra é tão curta, que sofrer é uma perda de tempo.
Podemos experimentar a neve no inverno e as flores na primavera, o chocolate de Perusa, a baguette francesa, os tacos mexicanos, o vinho chileno, os mares e os rios, o futebol dos brasileiros, As Mil e Uma Noites, a Divina Comédia, Quixote, Pedro Páramo, os boleros de Manzanero e as poesias de Whitman; a música de Mahler, Mozart, Chopin, Beethoven; as pinturas de Caravaggio, Rembrandt, Velázquez, Picasso e Tamayo, entre tantas maravilhas.
E se estás com câncer ou AIDS, podem acontecer duas coisas, e ambas são positivas:
se a doença ganha, te liberta do corpo que é cheio de processos (tenho fome, tenho frio, tenho sono, tenho vontades, tenho razão, tenho dúvidas)
Se tu vences, serás mais humilde, mais agradecido... portanto, facilmente feliz, livre do enorme peso da culpa, da responsabilidade e da vaidade,
disposto a viver cada instante profundamente, como deve ser.
Não estás deprimido, estás desocupado.
Ajuda a criança que precisa de ti, essa criança que será sócia do teu filho. Ajuda os velhos e os jovens te ajudarão quando for tua vez.
Aliás, o serviço prestado é uma forma segura de ser feliz, como é gostar da natureza e cuidar dela para aqueles que virão.
Dá sem medida, e receberás sem medida.
Ama até que te tornes o ser amado; mais ainda converte-te no próprio Amor.
E não te deixes enganar por alguns homicidas e suicidas.
O bem é maioria, mas não se percebe porque é silencioso.
Uma bomba faz mais barulho que uma caricia, porém, para cada bomba que destrói há milhões de carícias que alimentam a vida.

Facundo Cabral

Poema do beber no antigamente


dobro a esquina da memória
a mais próxima dos amigos de então

e ali fico
sob a luz que no poste
me derrama em mil sombras
que uma a uma reconheço

o que fui        o que sou
o que um dia quiseram que eu fosse
                                                     mas não fui
o que nunca por nada serei
o que tudo fizeram por não ser
                                                    mas fui
o que a esquina da memória dobrou
e no poste     sob a luz                 se inspirou

sou eu       não sou
na dialéctica da vida
fui aquele que nunca foi
sou aquele que sempre será

assim
a beber no antigamente
ficou-me a sede
do eternamente    


(1974)
Silêncio escancarado, 1982


Rui Nogar in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 391

''lixeiras do capitalismo''


Rui Nogar in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 390

''preços dos vivos escravizados''


Rui Nogar in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 390
« as balas doem

doem»


Rui Nogar in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 

A luta é a minha primavera


Vasco Cabral in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 391
«Eu sei o teu nome, eu sei o teu nome
este vício secreto e interior»

Vasco Cabral in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 391

Fernando Pessoa

No man is normal, perfect — this is true.

No man is normal, perfect — this is true. A normal man were a man incapable of being affected by disease. For every disease (as I think) predisposition is necessary, a predisposition of the organism to disease. The degree of predisposition is the degree of abnormality. Every disease supposes predisposition to it, even as every real thing supposes its own personality, since it is real.
1910?
Textos Filosóficos . Vol. I. Fernando Pessoa. (Estabelecidos e prefaciados por António de Pina Coelho.) Lisboa: Ática, 1968 (imp. 1993).
 - 229.
Fernando Pessoa

Personalidade supõe complexidade.

Personalidade supõe complexidade. Não há personalidade simples?
1906
Textos Filosóficos . Vol. II. Fernando Pessoa. (Estabelecidos e prefaciados por António de Pina Coelho.) Lisboa: Ática, 1968. 
 - 147.



Fernando Pessoa

A única realidade para mim são as minhas sensações.

A única realidade para mim são as minhas sensações. Eu sou uma sensação minha. Portanto nem da minha própria existência estou certo. Posso está-lo apenas daquelas sensações a que eu chamo minhas.
A verdade? É uma coisa exterior? Não posso ter a certeza dela, porque não é uma sensação minha, e eu só destas tenho a certeza. Uma sensação minha? De quê?
Procurar o sonho é pois procurar a verdade, visto que a única verdade para mim, sou eu próprio. Isolar-se tanto quanto possível dos outros é respeitar a verdade.
s.d.
Textos Filosóficos . Vol. II. Fernando Pessoa. (Estabelecidos e prefaciados por António de Pina Coelho.) Lisboa: Ática, 1968. 
 - 220.

Mas eu nem sempre quero ser feliz. / É preciso ser de vez em quando infeliz /Para se poder ser natural...



Alberto Caeiro

XXI - Se eu pudesse trincar a terra toda

XXI
Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
E se a terra fosse uma coisa para trincar
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...
7-3-1914
“O Guardador de Rebanhos”. Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luís de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946.
  - 45.

''nudez dos chafarizes''


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 238
levar as lampas a alguém levar-lhe vantagem

''pássaros de metal''


Jorge Viegas  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 417

«É cedo, dizem os que

distribuem os dias, os pães.»


Sebastião Alba  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 402


Manuel António Pina escreveu este texto no Jornal de Notícias, em 9 de novembro de 2005

Os meus gatos dormem durante a maior parte do dia (e, obviamente, durante a noite toda). Suspeito que os gatos têm um segredo, que conhecem uma porta para um mundo coincidente e feliz, por onde só se passa sonhando. Um mundo criado como Deus terá criado o nosso humano mundo, à sua desmesurada imagem. Porque os que sonham são deuses criadores. Os gatos sonham dormindo, os homens sonham fazendo perguntas e procurando respostas.


Mas os meus gatos dormem e sonham porque não têm fome. Teriam, se precisassem de procurar comida, tempo para sonhar? Acontece talvez assim com os homens. Como se o espírito criador fosse, afinal, prisioneiro do estômago. Talvez, então, a mesquinhez de propósitos da nossa vida colectiva radique, como nos querem fazer crer, no défice, e talvez o cumprimento das normas do pacto de estabilidade seja o único sonho que nos é hoje permitido.


E, contudo, dir-se-ia (e isto é algo que escapa aos economistas) que é o sonho, mais do que a balança de pagamentos, que alimenta a vida, e que os povos, como os homens, precisam de mais do que de números. Os próprios números têm (os economistas não o sabem porque a sua ciência dos números é uma ciência de escravos) o poder desrazoável de, não apenas repetir, mas sonhar o mundo.


Há anos que somos governados por economistas e o resultado está à vista. Talvez seja chegada a altura de ser a política (e o sonho) a dirigir a economia e não a economia a dirigir a política. Jesus Cristo «não sabia nada de finanças, / nem consta que tivesse biblioteca», e o seu sonho, no entanto, continua a mover o mundo.

'' não obrigues a palavra''


Rui Knopfli  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 381
«Não te arrependas de nada.
Um verso está sempre certo
mesmo quando errado. A verdade
também, mesmo quando dói

ou fere ou parece inoportuna.
A verdade nunca é inoportuna.»

(...)

Rui Knopfli  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 381
"Hoje, quando alguém diz que ama alguma coisa ou alguém, realmente está como que a ver-se ao espelho, está a amar, ou a pensar amar, alguma coisa que é semelhante a ele. (…) Amar o diferente, vendo-o como um aspecto do Uno, é que é realmente a mais alta expressão de amor"
~ Agostinho da Silva

«Não te arrependas de nada.
Um verso está sempre certo
mesmo quando errado. A verdade
também, mesmo quando dói

ou fere ou aparece inoportuna.
A verdade nunca é inoportuna.»

(...)

Rui Knopfli  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 381


Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.


Alberto Caeiro,
in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando

''o peixe morde a sede''


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 220

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O GALOPAR DO FOGO


Amar não é esquecer
o rosto sobre as cinzas.
Mas é lembrar o fogo

e o que ele limita.
E enrijecê-lo todo,
carvão de rubra fibra.

O fogo, o fogo, o fogo,
no potro, que o encilha.
E ir queimando como

se vai moldando a argila.
Sabemos que o abandono
mantém as formas fixas.

O fogo, o fogo, o fogo,
suas rédeas transidas
com fúrias e perícias.

O fogo, o fogo, os anos
de penhascos e bridas.
O ar no ar as vinhas,

centelhas, iras, víboras.
De tanto amar e amar,
o que em nós queimar,

é o que nos vai podando.
Amar é libertar,
libertar-se das cinzas,

até ficar o fogo,
o seu trote frondoso,
o fogo, o fogo ainda.


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 218/9

«Só é fiel a agonia.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 212

O TRINCO DAS AMORAS


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 212

«Não pesa o amor, pesa o engano.»


Carlos Nejar. A Idade da Eternidade. Poesia Reunida. Escritores dos Países de Língua Portuguesa. Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2001., p. 205
«teus desvanecidos traços tento definir
pois de ti só possuo, intensamente, a imagem
de um lenço branco, acenando no cais.»

Fonseca Amaral  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 367

«os estilhaços de vidro na memória»

Fonseca Amaral  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 363

''luares de suor''



Fonseca Amaral  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 361

«Para ti, meu navio de cabelos brancos, velho colono do mar,
vieram o cansaço, o caruncho a roer-te o casaco e as articulações,
o catarro roubando-te a galhardia aos silvos
que faziam saltar, bater as palmas
às gentes daqui até Mocímba.»

Fonseca Amaral  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 360

álacre



adjectivo de 2 géneros


1. alegre; animado
2. em que há entusiasmo; vivo
3. berrante; vistoso

« a fumar com o lume dentro da boca »


Fonseca Amaral  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 360

«Mãe silenciosa oferecendo-me suas costas nuas,
mornas como sol de inverno...»

Noémia de Sousa  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 358

domingo, 18 de setembro de 2016

«com desesperos suicidas e orgulhos brâmanes»

Noémia de Sousa  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 353




Baby sometimes i don't understand you
But you're the abstract art in my modern museum
And baby sometimes we fall apart
But the ruins of my heart stands like a coliseum

I hope you die by my side
The two of us at the exact same time
I hope we die not long from now
The two of us at the exact same time

But baby it's all beyond control
But baby you can have my soul
I hope you die by my side
Baby it's all ages away
But i can't help but think of the day
I hope we die at the exact same time

Baby your love is bigger than a football field
I'm the hooligan of your heart
Sometimes we win but sometimes we lose our dreams
But i always wear the colours of your team

I hope you die by my side
The two of us at the exact same time
I hope we die not long from now
The two of us at the exact same time

Baby you're the coolest moon when the night's begun
And i'm a goth in the sun
And you can sleep through the summer days
I know you think i'm morbid when i say

I hope you die by my side
The two of us at the exact same time
I hope we die not long from now
The two of us at the exact same time
Baby i hope you die right by my side...
Baby i hope we die at the exact same time...

«Quero um cavalo de várias cores,»


Reinaldo Ferreira  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 341
«Feliz quem pode parar
Onde a certeza é certeza
E pensar é só pensar!»

Reinaldo Ferreira  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 341

''Eu-cidadão''


José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 337

cegarrega


nome feminino
1. melodia sem tom nem som, aborrecida por ser repetida muitas vezes nomesmo tom
2. MÚSICA instrumento que imita o som da cigarra
3. figurado pessoa tagarela, de voz desagradável e impertinente
4. barulho; confusão

«E minha boca de lábios túmidos
cheios da bela virilidade ímpia de negro
mordendo a nudez lúbrica de um pão»


José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 336

«E o luar de cabelos de marfim»


José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 334
«O sangue dos nomes
é o sangue dos homens.
Suga-o também se és capaz
tu que não os amas.»

José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 333

«mas amar por amor só amo»


José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 330

«tu sabes como é sempre uma dor nova»


José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 327
«E nem que nos caia em cima o argumento
de cigarro na boca e lúgubre revólver em cima da mesa
não mostraremos o papel guardado na tábua do soalho
ali a fazer do amor escondido
o futuro de um povo.»

José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 326

«Anilhas de ferro nos tornozelos.»


José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 326

«(...) para jamais nos esquecermos de vez
do amor e dos amores mais amados
o amor chamado pátria!»


José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 326

AMOR A DOER




José Craveirinha  in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 326

''não queixes a dor''


Orlando Mendes in 50 Poetas Africanos. Plátano Editora, 1ª Edição, Lisboa., p. 321

«Móis-me a cabeça.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 64

«Estou a fazer progressos. Um dia, as palavras acudir-me-ão por si próprias, e então direi o que quero. Depois, descanso!»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 64

«Sinto-me morto. De cansaço. Leni, morto de cansaço.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 63

«Don't disturb.» «É proibido ter medo.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 61

«(...) pedido por pedido, mais vale pedir a Deus do que aos santos.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 7


They won't know who we are
So we both can pretend
It's written on the mountains
A line that never ends
As the devil spoke we spilled out on the floor
And the pieces broke and the people wanted more
And the rugged wheel is turning another round
Dorian, carry on,
Will you come along to the end
Will you ever let us carry on
Swaying like the children,
Singled out for praise
The inside out on the open
With the straightest face
As the sad-eyed woman spoke we missed our chance,
The final dying joke caught in our hands
And the rugged wheel is turning another round
Dorian, carry on,
Will you come along to the end
Will you ever let us carry on
Dorian, carry on,
Will you come along to the end
Will you ever let us carry on
Dorian, will you follow us down
Written by Agnes Caroline Thaarup Obel




«Agora, à luz fria das verdades inteiras e das mentiras perfeitas, declaro que não confessarei coisa nenhuma pela razão simples de não ter nada a confessar. Sou sozinha, sem força e inteiramente consciente da minha impotência.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 56

«Quando afago os teus cabelos, penso na Terra: por fora atapetada de seda, por dentro em ebulição.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 54
« - Dou-te a minha palavra de honra...
LENI. - Eu pedi-lha, por acaso? Mais vale guardá-la.»


Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 53
«O PAI. - Procuro a verdade, ou a razão das tuas mentiras.»



Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 51

«Se fosse preciso, seria terno. Mas a verdade é que a dureza dá melhores resultados.»

Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 50
«O rapaz corria atrás da morte, mas não teve sorte: corria mais depressa que ela.»

Jean-Paul Sartre. Os Sequestrados de Altona. Livros de bolso Europa-América. p., 46

terça-feira, 13 de setembro de 2016

“Eu e os meus poemas vamos fumar para longe. // Haverá uma árvore.” (XIII, 27)

Patrícia Baltazar
“Mãe? Estás? Mãe? Ouves-me, mãe? / Devolve-me, / A manta da tua ternura ou não sobrevivo.”
 (XXI, 36)

Patrícia Baltazar
 “Perdoo toda a gente que pensa que me magoou ou magoou mesmo.” (XXXIII, 57) 

Patrícia Baltazar

Tenho várias salivas

“Tenho várias salivas. Vários géneros. Acumulei rostos e corpos. E o teu, o teu, o teu, o teu e ainda o teu, continuam guardados, para sempre, em todos os meus lugares. Eu sou tudo o que vocês fizeram de mim.” (III, 10-1)

Patrícia Baltazar 
 “45 quilos de ossos para uma tempestade” (XXII, p. 37)


Patrícia Baltazar 

“Não tenho de ser ninguém para perder a memória.” (XXXIII, p. 55)


Patrícia Baltazar 
“Mas aprofundei-me na ocupação da violência / um arzinho de filosofia para empernar meninos.”

Raquel Nobre Guerra
“Bebo uma bica por dia, às vezes bebo-a fria
depois disto bem que podia morrer, diga-se
com as mãos ao redor de um pescoço amigo
quero dizer, de um livro. Tenho o carácter
objectivo de uma incompetência para a vida.”

Raquel Nobre Guerra
“O café ilumina-se de todos os anjos filhos da puta.
Daqui a pouco sairei de casa
Para o que é verdadeiramente triste.”

Raquel Nobre Guerra
“Movo-me na medida exacta da nossa distância.
Que direi eu deste lado do mundo?”


Raquel Nobre Guerra


“Deixa que nos chamem
pequeno cemitério de animais em flor.
O meu coração gótico espera por ti
aqui onde ninguém dança.

Porque havemos sempre de brincar
vestidos de santos até adormecer
nos olhos da cabra que, escuta:
I touched her thigh and death smiled.

Se perguntarem por nós aponta para cima
e responde com humor tipicamente irlandês
Senhor Roubado. Linha Amarela. Estação Terminal.”

Raquel Nobre Guerra
“O amor desapareceu, diz-se por aí, e eu tendo a acreditar
porque dormes cada vez mais longe na metade da cama
que ocupaste com edições luxuosas do Paraíso Perdido.”



Raquel Nobre Guerra

domingo, 11 de setembro de 2016

«O Sol que vai nascer, ninguém sabe se é ainda o Sol da Liberdade!»

Ramada Curto. Teatro Escolhido. Vol. I Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2004., p. 165

«RADITCHEFF - A morte, às vezes, é caprichosa...»


Ramada Curto. Teatro Escolhido. Vol. I Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2004., p. 159
«LITVINE - É um feitio estranho de mulher. Não a entendo, tortura-me...»



Ramada Curto. Teatro Escolhido. Vol. I Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2004., p. 114


« CLARA - Ah! O amor! C'est un enfant de bohème - como eu canto na habanera da Carmen...Gostar de alguém, Marussia! É possível!...Mas que tome sentido aquele que eu amar. Há tantos anos que aturo Jabotinski, a sua grosseria, os seus milhões e o seu replente cinismo. Poderei eu amar ainda depois disto? Talvez! Mas se a tempestade se desencadear...»



Ramada Curto. Teatro Escolhido. Vol. I Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2004., p. 102
« NIKOLSKI - É um voto na Duma. Habitue-se a não desdenhar os insignificantes. No xadrez não se desprezam os peões.»


Ramada Curto. Teatro Escolhido. Vol. I Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2004., p. 98