segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

''insolências mordazes''


«(...) escondia-me, murmurava alguns versos, com os olhos fechados até conseguir finalmente adormecer.»

Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 259

David Seidner, Tina Chow, Chanel, 1984



«O termo «niilista» pareceu-me irritante e incongruente, mas deixei de compreender o sentido desse livro e vi-me mergulhado num certo abatimento: era evidente que me mostrava incapaz de compreender os bons livros! E este pertencia, como estava convencido, ao lote das melhores obras: uma senhora tão considerável e tão bela não ia de modo nenhum pôr-se a ler maus livros!»


Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 257
«Expliquei-lhe como pude que a vida era bastante difícil e aborrecida e que a leitura, para mim, era um meio de esquecer.»

Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 256

domingo, 31 de janeiro de 2016

''dedos perfumados''


«(...) chegava para mim e, com os olhos azuis em atitude de expectativa, perdidos no céu, »

Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 253
  « A mulher do cortador ainda não tinha partido quando, por baixo do apartamento dos meus patrões, se veio instalar uma jovem senhora de olhos escuros, com sua filha e sua mãe, que fumava continuamente uma boquilha de âmbar. A senhora era muito bela; imperiosa e firme, tinha uma voz cheia e agradável e olhava toda a gente com um movimento de cabeça, pestanejando, como se as pessoas se encontrassem muito longe dela e as distinguisse mal.»

Maximo Gorki. Ganhando o meu pão. Obras completas. Editorial Início. 1970., p. 251

olhar inflamado e tremente

Chim (David Seymour), At the close of the Suez fighting, Port Said, 1956



«Mas escusas de ir contar isto. Há coisas que as pessoas fazem quando têm muita fome, mas não gostam que se saiba.
  - Está bem. Se não precisar de ti durante o dia deixo-te dormir e não vou lá maçar-te, mas se vires que de noite se passa alguma coisa, vai num salto até à minha rua e mia.»

Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 221

«O que tu tens de fazer é subir a Rua Hooper e miar. Se eu estiver a dormir, atiras terra à minha janela para me acordares.»

Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 222
«Podia ter-lhe estalado o coração em consequência do medo.»

Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 218

«Eu seja cão se isto não é verdade!»


Mark Twain. As Aventuras de Tom Sawyer. Círculo de Leitores., p. 214

olhos sequiosos

sensibilidade doentiamente vibrátil

João Gaspar Simões, «António Nobre era um dândi, era um Narciso, era um egocentrista com uma sensibilidade doentiamente vibrátil.»
«Queixam-se o meu editor e todos que falo só de mim. Mas não sou eu o intérprete das dores do meu país?»

António Nobre

“traumatismo patriótico”


enraizamento

«Descendemos de três movimentos mais antigos – o
simbolismo francês, o panteísmo transcendental português e
a miscelânea de coisas contraditórias e sem sentido de que o
futurismo, o cubismo e outras correntes afins são expressão
ocasional, embora, para ser exato, descendamos mais do
espírito do que da letra desses movimentos.»

Fernando Pessoa
Victimes de névroses de tous
ordres, ils ressentent un spleen
qu’ils cultivent enhoisissant le
refuge des paradis artificiels, loin
de cet univers trop réel, trop
mercenaire, peuplé d’épiciers et de
rentiers. Les décadents manifestent
leur angoisse devant le monde, par
un pessimisme radical…

Sophie Didier e Etienne Garcin
Fernando Pessoa declararia que «[Nobre] foi o primeiro a pôr em europeu este sentimento português das almas e das coisas, que tem pena de que umas não sejam corpos, para lhes poder fazer festas, e de que outras não sejam gente, para poder falar com elas.»

«incharam-me os pés e as mãos, perdi, de todo, o apetite e sustento-me de leite, de manhã e, pelo dia adiante, duma colher de sopa de Madeira.»

As últimas palavras escritas por António Nobre
«uma semana não é uma semana, é um dia com oito vezes vinte e quatro horas. Somos todos uns madraços.»

António Nobre, aquando a sua estadia na ilha da Madeira
«Na ânsia de derrotar “o mal do peito'',  esperava que os ares do mar lhe fizessem bem»

Sobre António Nobre

Bilhetes-Postais

''Exilado na sua infância''


''Que não ama, nem é amado.''

António Nobre

ser (-se) um exilado

pinceladas de autoironia

o mal-de-vivre

António Nobre, “o poeta que vem no Outono e pelo crepúsculo”

Mas tudo passa neste Mundo transitório.
E tudo passa e tudo fica! A vida é assim
E sê-lo-á sempre pelos séculos sem fim!

António Nobre


"[...] não me importa nada que me critiquem. Exactamente como não me importa nada quando me elogiam. Tanto me faz que uma pessoa me elogie como me censure – eu considero aquilo como uma opinião pessoal e não comparo com coisa nenhuma porque eu próprio não tenho opinião pessoal a meu respeito. Não me sinto nem herói, nem criminoso, sinto que vivo, sinto que sou"


Agostinho da Silva, Vida Conversável [entrevista de 1985], p.99.

Cheia de ódio por mim própria: quão cega estava.

Teixeira de Pascoaes, poeta bem mais importante, quanto a
nós, do que Fernando Pessoa.

MÁRIO CESARINY, 1973

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

“toda a insistência é já um luto”

Don't Wanna Fight



My life, your life
Don't cross them lines
What you like, what I like
Why can't we both be right?
Attacking, defending
Until there's nothing left worth winning
Your pride and my pride
Don't waste my time

I don't wanna fight no more

Take from my hand
Put in your hands
The fruit of all my grief
Lying down ain't easy
When everyone is pleasing
I can't get no relief
Living ain't no fun
The constant dedication
Keeping the water and power on
There ain't nobody left
Why can't I catch my breath?
I'm gonna work myself to death

No, no, no, no!
I don't wanna fight no more
I don't wanna fight, I don't wanna fight!
I don't wanna fight no more

''viagem da solidão para a solidão''

A poesia pensa o século XX:
Fernando Pessoa lido por Alain Badiou

Um poema pessoano como exercício de crueldade. Badiou

pensamento-poema


identidade com beleza

“I was a poet animated by philosophy, not a philosopher with poetic faculties” 

(Pessoa, 1966: 13).
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