segunda-feira, 28 de maio de 2018

Há 107 anos, Carolina Beatriz Ângelo, a primeira mulher portuguesa, pioneira na Europa, a “conquistar” o direito ao voto

''Carolina Beatriz Ângelo, médica, republicana e sufragista, foi a primeira mulher a votar em Portugal, nas eleições realizadas para a Assembleia Nacional Constituinte, no dia 28 de maio de 1911.
Carolina Beatriz Ângelo torna-se a primeira mulher portuguesa, pioneira na Europa, a “conquistar” o direito ao voto.
A primeira lei eleitoral da I República, publicada a 14 de março de 1911, reconhecia o direito de votar aos «cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família».
Carolina Beatriz viu nesta redação ambígua da lei a oportunidade de exercer o direito ao voto, invocando a sua condição de chefe de família após o óbito de seu marido Januário Barreto em junho de 1910.
Viúva e com uma filha menor a cargo, com mais de 21 anos e instruída, dirigiu ao presidente da comissão recenseadora do 2º Bairro de Lisboa um requerimento no sentido de o seu nome «ser incluído no novo recenseamento eleitoral a que tem de proceder-se»
A 28 de abril de 1911, o juiz João Baptista de Castro proferia uma sentença histórica e revolucionária ao incluir o nome de Carolina Beatriz Ângelo no caderno de recenseamento eleitoral.

«Excluir a mulher (…) só por ser mulher (…) é simplesmente absurdo e iníquo e em oposição com as próprias ideias da democracia e justiça proclamadas pelo Partido Republicano. (…) Onde a lei não distingue, não pode o julgador distinguir (…) e mando que a reclamante seja incluída no recenseamento eleitoral».

Ao referir-se a cidadãos portugueses, o juiz Castro considerou que a lei englobava homens e mulheres, “pois se o legislador tivesse intenção de as excluir tê-lo-ia manifestado de forma clara”.
Assim, a 28 de Maio de 1911, nas eleições para a Assembleia Constituinte, Carolina Beatriz Ângelo tornou-se a primeira mulher portuguesa a exercer o direito de voto.
Carolina Beatriz Ângelo, à direita, com a correligionária da Associação de Propaganda Feminista Ana de Castro Osório, no dia das eleições para a Assembleia Nacional Constituinte. 28 de maio de 1911.
Em 1913, a República mudou a lei e interditou o voto das mulheres. Em 1931, o voto é concedido pela primeira vez a mulheres com cursos secundários ou universitários. Esta limitação era apenas aplicada à mulher, o que significava que apenas uma escassa minoria podia efetivamente votar.
O direito de voto só foi efetivamente alcançado com a Revolução de 25 de Abril de 1974, tornando-se universal para todos os cidadãos e cidadãs maiores de idade.''

Informação disponível no link: http://acegis.com/2018/05/carolina-beatriz-angelo-direito-ao-voto/
''Os pobres não têm um partido político forte e empenhado que os ajudem a lutar para sair duma vivência com carências várias. São só notícia de telejornal para gritarem na rua aquando de algum acidente, de preferência com sangue. O empobrecimento espiritual e cultural é também causa do empobrecimento material.''

A pobreza jamais é uma fatalidade, dizem.

''Recordemo-nos: Durante a anterior legislatura foi-nos dito: «é preciso empobrecer o país para o tornar mais competitivo», afirmou Passos Coelho, 1º ministro do executivo antecedente.
O maior drama, de parte significativa dos portugueses, é a pobreza. ''

sábado, 26 de maio de 2018

«Isto disse Blake, no instante em que a febre o devorava:

- «Ninguém durma na mesma cama muitos anos, que acabará por supor que o homem é um ser horizontal e que o universo cabe todo num quarto de dormir.»

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 175

«A humildade só tem merecimento, se representa poder de nós sobre nós.»

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 173
« - Tudo te dei, Pátria minha, e nada reservei para mim, a não ser o orgulho de ser teu filho!»

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 172

Katherine Jane Wood’s Birthday Bath


«Desde que o pensamento faz parte do nosso ser, podemos extrair das maiores derrotas as melhores vitórias.»

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 171

« - Quem sou? Porque sou? Para que sou?...»

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 170
«É nas tentações que nós sabemos até que ponto as nossas humilhações pagam os nossos erros.»

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 169

« - Acabei um grande amor e nas suas cinzas aprendi a fugir das ilusões que ainda me restam.»


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 169

'' as façanhas nos pergaminhos''

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 167

«Cristo morreu numa cruz.»

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 163

Kikuji Kawada ''Last Things''


''A voz da tragédia''

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 158
«Christo, no meio da decomposição das sociedades que se perfumavam de nardo para escaparem à náusea do cheiro a cadáver, espalhou a semente da seara que o seu sangue tornou eterna.»

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 153

«(...) uma amarga desilusão quedava no fundo turvo de todos os letais prazeres »

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 151/2
«Os poetas interrogavam-se, na hora dúbia em que a Dúvida, com as suas asas crepusculares, tentava seguir a órbita dos astros.»


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 151

dialogar com o não-ser

John F. Kennedy and Marilyn Monroe, Ca 1962


'' não há falta que não mereça perdão''


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 150

«Christo, adversário de retóricas, sofismas e a casuística, revelou-a, numa melodia divina, aos que o escutavam com sinceridade.» 

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 149
«Não tarda o melancólico príncipe em cujo peito a alegria abriu uma ferida que se não cura com promessas enganosas.»

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 147

«O homem não tenta demorar a sua atenção em si próprio, com receio de sucumbir sob o peso da sua miséria.»


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 146

''eloquência insofismável''


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 145

''noites shakspeareanas''

«(...) como o punhado de cinza que resume todas as grandezas, »


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 143

«Responda cada qual como souber, na sinceridade do seu coração.»


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 141

segunda-feira, 14 de maio de 2018

 Paulo Nozolino afirma-se contra a massificação da imagem pelo abaixamento da exigência estética, afirmando: “tive a sorte de ter podido construir a minha obra com tempo. De ter visitado lugares intactos, ainda não destruídos por hordas de turistas selvagens que graças às companhias low cost agora circulam pelo mundo. Foi um privilégio tocar nas colunas da Acrópole e nas pedras das Pirâmides de Gizé. Foi uma dádiva ter estado um dia inteiro em Auschwitz sem ver ninguém, ou caminhar livremente pelas areias do Wadi Rum. Parece que estou a falar de um tempo antigo, mas não. Foi só há 20 anos. As minhas fotografias são o testemunho disso. Das viagens que fiz, dos sítios que visitei, das pessoas que conheci. Toquei, vi e fotografei o sagrado. Continuo a fazê-lo
"A fotografia é agora um lugar comum, uma prática chinesamente democrática graças ao telemóvel. A voracidade de fazer imagens e de as disseminar criou um novo problema. A mediocridade e a banalização de tudo o que nos rodeia. Niepce ficaria estupefacto, se fosse vivo. O que demorou quase dois séculos a ser consolidado, foi destruído em apenas dez anos". 

Fotógrafo Paulo Nozolino

domingo, 13 de maio de 2018



«Há muitas coisas que o homem não devia ver nem saber. E se as visse, seria melhor morrer. Mas se um de nós vir ou souber dessas coisas, deve viver para as contar.»


in A Imagem Que Falta. Documentário Histórico. Director Rithy Panh
«O luto é difícil.
O enterro sem fim.»


in A Imagem Que Falta. Documentário Histórico. Director Rithy Panh
«Mas há sempre as almas, errantes, que procuram poiso. Um pensamento doce e nobre. »



in A Imagem Que Falta. Documentário Histórico. Director Rithy Panh
 ''2000 anos de escravatura '', disse Pol Pot.

«Ele era humano, como senhor ou eu, e fez uma escolha. Uma escolha ideológica, uma escolha criminal.»



in A Imagem Que Falta. Documentário Histórico. Director Rithy Panh

«Na infância, a morte já está presente.»

in A Imagem Que Falta. Documentário Histórico. Director Rithy Panh

''medicamentos capitalistas''

«Os mortos partem à noite. Procurava-os de manhã nas suas tábuas de madeira. »



in A Imagem Que Falta. Documentário Histórico. Director Rithy Panh
« À noite, a criança mastiga sal. Os seus dentes rangem. É à noite que a fome ataca.»



in A Imagem Que Falta. Documentário Histórico. Director Rithy Panh.
« Já não tenho nome, família, nem esperança, mas conservo um coração humano.»

in A Imagem Que Falta. Documentário Histórico. Director Rithy Panh
''Quem protesta é um inimigo.
Quem se opões é um cadáver.''

in A Imagem Que Falta. Documentário Histórico. Director Rithy Panh

doutrinação

Genocídio cambojano



«A enxada é a vossa caneta! O arrozal é o vosso papel!''
«Aqui, os porcos tornam-se leitores, pois os leitores eram porcos.»

Jacques Prévert / na minha casa



Hás-de vir a minha casa
Aliás não é a minha casa
Não sei de quem ela é
Um dia entrei por aqui
Não estava ninguém
Só uns pimentos vermelhos pendurados na parede branca
Durante muito tempo fiquei nesta casa
Ninguém apareceu
Mas todos todos os dias
Fiquei à sua espera

Não fazia nada
Quer dizer nada de importante
Às vezes de manhã
Soltava gritos de animais
Zurrava como um burro
Com quanta força tinha
E era uma coisa que me dava prazer
E depois brincava com os pés
São muito inteligentes os pés
Levam-nos muito longe
Quando queremos ir muito longe
E quando não queremos sair
Ficam ali a fazer-nos companhia
E quando há música dançam
Não se pode dançar sem eles
É preciso ser estúpido como o homem tantas vezes é
Para dizer coisas tão estúpidas
Como estúpido como um pé alegre como um pardal
O pardal não é alegre
Só é alegre quando está alegre
E triste quando está triste ou nem alegre nem triste
Será que alguém sabe o que é um pardal
Aliás nem sequer se chama realmente assim
O homem é que chamou aquele pássaro assim
Pardal pardal pardal pardal

É muito curioso isto dos nomes
Martin Hugo Victor de seu nome
Bonaparte Napoleão de seu nome
Porquê assim e não assim
Um rebanho de bonapartes passa no deserto
O imperador chama-se Dromedário
Há um cavalo caixa e gavetas de corrida
Ao longe galopa um homem que só tem três nomes
Chama-se Tim-Tam-Tom sem outros apelidos
Ainda mais ao longe está sabe-se lá quem
E muitíssimo mais ao longe está sabe-se lá o quê
Mas afinal que é que tudo isto importa

Hás-de vir a minha casa
Penso noutra coisa mas é só nisso que penso
E quando entrares em minha casa
Despes a roupa toda
E ficas imóvel nua em pé com a tua boca vermelha
Como os pimentos vermelhos pendurados na parede branca
E depois deitas-te e eu deito-me junto a ti
É isso
Hás-de vir a minha casa que não é a minha casa



jacques prévert
traduzido por zé lima
diversos nr. 3
«Este enterro de palavras, não quero esquecê-lo. Foi um acto de resistência.»
''Não comerei mais comida para animais. Não, eu sou um homem. '' E deixa de se alimentar.
« A terra ressequida e poeirenta sepulta tudo. Levei anos a aprender a caminhar sobre ela, pés nus, sobre espinhos.»

«A fome é uma arma. »


«A velha sociedade só pensava em festejar. O colectivismo é o adubo e o alimento. Doravante, uma caçarola é um sinal de individualismo. É proibido possuir uma.»

«Trabalhemos com determinação no arrozal, sem contar com o céu!»

''deslocar terras e pedras''

«Erguíamos o punho e repetíamos os slogans.»
«Para resistir, há que ocultar dentro de nós uma força, uma recordação, uma ideia que ninguém nos pode tirar.»
«É preciso vigiar este povo de areia, de pó e de pés descalços.»
«Cortam-nos o cabelo. Confiscam relógios, óculos, brinquedos, livros...Tingem-nos as roupas de preto. Mudam-nos os nomes. Somos o novo povo: os burgueses, os intelectuais, os capitalistas, que é preciso reeducar, destruir. ''Deves abraçar a condição proletária!'' Eis o país novo, a que se chama Campucheia Democrática: uma fábrica de fumos inquietantes, com arrozais e diques em betão. Sem homens.»
«A revolução é tão pura
que dispensa seres humanos.»

''máscaras de pedra e outras de carne''


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 134

«(...) as religiões desfalecidas e as filosofias cadavéricas.»


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 135
«Teixeira de Pascoaes que não percebe as coisas como geómetra ou físico, agrimensor ou doutrinário, possui a flama viva que penetra o mistério, o ilumina e aquece, abrandando-lhe a fereza e cativando-lhe a alma esquiva.»


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 134

rosas de papel


«A loucura visitou-o, tapando-lhe a boca.»


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 131
«Nietzche nunca saiu dos limites do seu ser. As suas dúvidas eram mensageiras das suas mágoas.»

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 131

''passado sonolento''



«(...), quando alguém traz a verdade ao homem, este volta-lhe as costas, deixando-o pregar às pedras e aos mortos ( o cadáver de que fala Zarathustra era um desses mortos - um feixe de prejuízos e preconceitos); 2ª., um bobo, um truão, um intrujão qualquer conquista os aplausos da turba que clama e esbraveja contra os que lhe explicam o sentido da vida - a mentira que mata superior à verdade que salva - 3ª., o único remédio para remir os povos da sua miséria está em ouvir a lição do superhomem ensinada por Zarathustra - a elevação do homem pela virtude do seu génio contra os homúnculos que o humilham.»




Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 128
«O «meio» faz o cidadão e o cidadão aprende a ser determinado.»

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 126

«Portugal cultivou a terra para ser justo e forte, mas, apenas se entregou ao mar, rendeu-se às flutuações da Fortuna.»


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 124
«O problema do eu era para ele um problema de ideias: no princípio da sua carreira literária, buscava-as no estudo febril e na reflexão, a-fim-de se descerrar o seu horizonte. Mais tarde, quando as primeiras grandes desilusões o saltearam, as ideias nasciam-lhe na sua intimidade dolente e com elas cuidava de reconhecer o mundo e os enganos em que andara perdido.»


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 124

«A sua alma não cabe numa carta, tendo necessidade de maior expansão.»


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 123

«O espírito protegeu-os contra o nosso desdém.»


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 121

Mariologia

RELIGIÃO ramo da teologia cristã que se dedica ao estudo das questões
relativas à Virgem Maria, mãe de Jesus

sábado, 12 de maio de 2018


''a loucura fremia no arfar dos seios virginais''


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 118

«(...) o tédio abateu várias gerações de deuses,»


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 117

«O culto morreu nos altares.»


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 117

«O desespero devorou-o até aos ossos,»


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 113
« - Que desejas de mim? Que mensagem me trazes?
- Ensinar-te a viver dentro de ti, pela reflexão, que virá desanuviar o teu destino.
-Que julgas tu ser o meu destino?»
Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 109

«De que se compõe o homem?
-De finito e infinito.
-Quem opera a síntese dos dois?
-O espírito.
-Onde se encontra Deus com o espírito?
-No momento.
-Que é o momento?
-O instante absoluto e divino em que o tempo se faz eternidade e a eternidade tempo.»

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 107/8

quinta-feira, 10 de maio de 2018



fui estudante, serralheiro, marceneiro, estofador, impressor de litografia, desenhador, publicitário, professor, pintor, fotógrafo, tocador de gaita, emigrante, exilado, diretor de museu, assessor de ministros, pesquisador, jornalista, poeta, júri de concursos, conselheiro de pinacotecas, comissário de eventos internacionais, designer de feiras industriais, cenógrafo, pai de filhos, bolseiro, e tenho duas pátrias, uma que me fez e outra que ajudo a fazer

Fernando Lemos, fotógrafo incortornável do modernismo e do surrealismo na fotografia portuguesa

quarta-feira, 9 de maio de 2018

«poeta da religiosidade»


«Cremos que Kirkegaard, quási desconhecido em Portugal, não se encontra no quadrante fácil e guloso donde nos acenam e sopram as brisas que tão suavemente aliciam as musas gaulesas.»

Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 106

''A Doença até à morte''

«O que procuramos fora de nós existe em nós, timidamente.»


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 101

domingo, 6 de maio de 2018

se um dia destes parar não sei se não morro logo

se um dia destes parar não sei se não morro logo,
disse Emília David, padeira,
não sei se fazer um poema não é fazer um pão
um pão que se tire do forno e se coma quente ainda por entre as linhas,
um dia destes vejo que não vou parar nunca,
as mãos súbito cheias:
o mundo é só fogo e pão cozido,
e o fogo é que dá ao mundo os fundamentos da forma,
pão comprido nas terras de França,
pão curto agora nestes reinos salgados,
se parar não sei se não caio logo ali redonda no chão frio
como se caísse fundo em mim mesma,
a mão dentro do pão para comê-lo
- disse ela.


Herberto Helder (2014) A Morte sem Mestre: Porto. Porto Editora (p. 29)

sábado, 5 de maio de 2018


''ténue, doce, recolhida (…)às vezes (…) tem os olhos rasos de lág/ rimas”, “olha na parede a imagem do papa, do/ santo velhinho (…)”, como que “(…) ajeita a saia, vinda da retrete onde/ foi urinar (…)”. Berta deixa 4 centímetros de pele agarrada à parte inferior do corpo da enguia, un/ ta então cuidadosamente o corpo esfolado/ das enguias com bastante manteiga tempera/ da com piri-piri e, à medida que as unta,/ vai-lhes puxando outra vez a pele para ci/ ma, para o seu primitivo lugar (…) na fronte austera do/ senhor director desenhar-se-á um afável s/ orriso e Berta terá aquele seu suspiro mu/ ito leve, quase imperceptível, muito leve”. (Espermático)''

Alberto Pimenta
Um encontro de poetas na Casa de Mateus, anos 80. Alberto Pimenta com Vasco Graça Moura, Alexandre O’Neill, Miguel Torga, Eugénio de Andrade e Pedro Tamen


''E é a língua constrói uma verdadeira comunicação, do que vimos, vivemos, de como existimos. A linguagem é a maior riqueza da humanidade, mas tem que ser usada de forma a gerar mais riqueza.''

Alberto Pimenta
''Há pessoas que se pudessem já tinham substituído as palavras todas, a linguagem, por uns sinais técnicos quaisquer.''

Alberto Pimenta
''Onde é que formou esse seu olhar grave e heterodoxo sobre o mundo?

Encontrei-me muito cedo com a consciência de que olhava para as coisas de forma diferente daquela que os outros à minha volta olhavam. Não falava nisso com os outros. Por exemplo, muito cedo me incomodou aquelas senhoras que vinham a nossa casa entregar cestas de fruta que iam buscar à Ribeira. Traziam-nas à cabeça aquela distância toda. Depois comiam qualquer coisa lá em casa e pediam como pagamento “aquilo que lhe quisessem dar”. Na minha casa isto era normal mas fazia-me uma impressão um mal-estar enorme. Teria apenas uns 7 anos. Não sei como foi que fiquei assim, assim Eu. Os desequilíbrios sociais perturbam-me até hoje, a brutalidade de certos trabalhos onde se gasta uma vida humana, a inutilidade de tantos outros. Dias e dias preenchidos no absurdo, no que não tem qualquer valor e relevância para melhorar a vida humana.''

Alberto Pimenta
''mainstream literário português e as suas manifestações festivas''

''Alberto Pimenta: o poeta inexistente''

conversas domésticas


''O caminho do verdadeiro silêncio vai pela recusa da palavra segura de si, da palavra auto-suficiente, da palavra que fala o seu falar: mas passa através da palavra que fala em busca do silêncio, em busca da sua morte.” (O Silêncio dos Poetas, 1978)

Alberto Pimenta
''Dez por cento da população possui a maior parte da propriedade; os restantes noventa por cento não são donos de nada. Renasce a esperança da revolução sempre adiada.''
Oliveira Martins “O regime das riqueza” 

''Já não se entesoura. Joga-se: joga-se em permanência, tudo, em toda a parte. Shylock já não pode reclamar a libra de carne do devedor mas o Baal das fábricas e das bolsas devora o sangue vivo das populações e o pecúlio das famílias. Soltos os diques das leis, armado o mar dos homens com instrumentos de uma energia inaudita, as ondas dos especuladores ruem, coroadas de espuma orgulhosa e lambem, alastrando a praia inteira. Passam por sobre os governos, por sobre os povos, galopando (…) No vai-vem tempestuosos da onda envolvem e despedaçam os fracos, os simples, os pobres …”
«Como dizia Manoel de Oliveira, o cinema não existe: constrói, fixa, conta histórias individuais e colectivas. Na era pós Big Brother, do imediatismo e do instantâneo, esquecemo-nos que a realidade não passa em directo: a História do mundo e do Homem é, há milénios, feita da arte de contar.»

Fundação Francisco Manuel dos Santos


Margherita Sarfatti


«(...) em «Guerra e Paz» é a multiplicidade irresolúvel de personagens que nesta obra se movem, vivem, lutam, sofrem, se elevam e tombam.»

Tradutor José Marinho

Os leitores inocentes

Christiane Jatahy

''Se Strindberg colocou uma lupa na relação de dois seres, Jatahy coloca uma câmara; ''

terça-feira, 1 de maio de 2018

''a fé arde no sofrimento''


Joaquim Manso. Pedras para a Construção dum Mundo. Livraria Bertrand, Lisboa., p. 99

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