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domingo, 21 de agosto de 2011

« Decerto que posso esperar por vós - decerto não preciso de ir com um estranho para o que para mim - é o (país) redil desconhecido - Esperei muito tempo - Mestre - mas ainda posso esperar mais - esperar até que o meu cabelo de avelã seja cinzento - e vós useis bengala - então poderei olhar para o meu relógio - e se o Dia estiver muito no fim - poderemos tentar a sorte (do) para o Paraíso - O que me faríeis se eu viesse de ''branco''? Tendes o pequeno cofre para pôr os Vivos - dentro?»




Emily Dickinson. Poemas e Cartas. Uma antologia organizada por Nuno Vieira de Almeida. Tradução de Nuno Júdice. Edições Cotovia, Lisboa, 2000., p. 165
(...)

«Embora te veja a deslizar - a deslizar
Para o teu incomunicável Túmulo -
Que pergunta agarrarei -
Que resposta arrancarei de ti
Antes que te dissipes
No mar do esquecimento?»


Emily Dickinson. Poemas e Cartas. Uma antologia organizada por Nuno Vieira de Almeida. Tradução de Nuno Júdice. Edições Cotovia, Lisboa, 2000., p. 141

1632

Assim devolvam-me à Morte -
A Morte que nunca receei
A não ser que me prive de ti -
E agora, privada pela Vida,
No meu próprio Túmulo respiro
E calculo o seu tamanho -
Um tamanho que é tudo o que o Inferno imagina -
E tudo o que o Paraíso foi -



Emily Dickinson. Poemas e Cartas. Uma antologia organizada por Nuno Vieira de Almeida. Tradução de Nuno Júdice. Edições Cotovia, Lisboa, 2000., p. 139

«Diz toda a Verdade mas di-la tendenciosamente - »


Emily Dickinson. Poemas e Cartas. Uma antologia organizada por Nuno Vieira de Almeida. Tradução de Nuno Júdice. Edições Cotovia, Lisboa, 2000., p. 109

«A Ternura diminui à medida que a experimentamos - »


Emily Dickinson. Poemas e Cartas. Uma antologia organizada por Nuno Vieira de Almeida. Tradução de Nuno Júdice. Edições Cotovia, Lisboa, 2000., p. 95
«Embora possa acontecer que Eu - Lhe sobreviva
Ele terá de viver - mais do que eu -
Pois tenho apenas o poder de matar,
Sem ter - o poder de morrer -»



Emily Dickinson. Poemas e Cartas. Uma antologia organizada por Nuno Vieira de Almeida. Tradução de Nuno Júdice. Edições Cotovia, Lisboa, 2000., p. 89

650


A Dor - tem um Elemento de Vazio -
Não se consegue lembrar
De quando começou - ou se houve
Um tempo em que não existiu -

Não tem Futuro - para lá de si própria -
O seu Infinito contém
O seu Passado - iluminado para aperceber
Novas Épocas - de Dor.



Emily Dickinson. Poemas e Cartas. Uma antologia organizada por Nuno Vieira de Almeida. Tradução de Nuno Júdice. Edições Cotovia, Lisboa, 2000., p. 79

Poderá o fogo revelar-se

561

Meço cada Pena que encontro
Com um Olhar agudo, perscrutante -
Pergunto se é tão pesada como a que Eu tenho -
Ou se é mais Cómoda de transportar.

Pergunto se a suportam há muito tempo -
Ou se acabam de a ter -
A minha não sei dizer a sua Data -
Tão antiga me parece ser -

Pergunto se lhes dói viver assim -
E se para isso se esforçam -
E se - no caso em que pudessem escolher -
Não lhes seria preferível - morrer -

Vejo que Alguns - que demasiado sofreram -
Enfim recuperam o sorriso -
Imitando o Candeeiro
Que gasta o último Petróleo -

Pergunto-me, com o amontoar dos Anos -
Alguns Milhares - sobre o Mal -
Que tão cedo os atingiu - não poderia
Esse lapso de tempo servir-lhes de Bálsamo -

Ou se continuariam a sofrer mesmo assim
Durante Séculos de Coragem -
Iniciados numa Dor mais ampla -
Em contraste com o Amor -

Os Aflitos - são muitos - dizem-me -
Diversas são as Causas -
A Morte - apenas uma - e só chega uma vez -
E limita-se a fechar os olhos -

Há a Aflição da Carência - a Aflição do Frio -
Aquilo a que chamam ''Desespero'' -
Há um Exílio loge dos Olhos nativos -
À vista do Ar Natal -

E embora não lhe possa adivinhar a natureza -
Com exactidão - é para mim
Uma pungente Consolação
À passagem do Calvário -

Notar os figurinos - da Cruz -
E a maneira como são usados -
Ficando fascinada ao ponto de notar
Que Alguns - são iguais ao Meu -





Emily Dickinson. Poemas e Cartas. Uma antologia organizada por Nuno Vieira de Almeida. Tradução de Nuno Júdice. Edições Cotovia, Lisboa, 2000., p. 69 - 71

547

Vi um Olho Moribundo
A correr à volta de um Quarto -
Em busca de Algo - era o que parecia -
Então ficou mais Enevoado -
E então - obscuro como o Nevoeiro -
E então - soldou-se
Sem revelar o que é que foi
Que o abençoou por o ter visto -


Emily Dickinson. Poemas e Cartas. Uma antologia organizada por Nuno Vieira de Almeida. Tradução de Nuno Júdice. Edições Cotovia, Lisboa, 2000., p. 65

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

435

Demasiada Loucura é o mais divino Juízo -
Para um Olhar criterioso -
Demasiado Juízo - a mais severa Loucura -
É a Maioria que
Nisto, como em Tudo, prevalece -
Consente - e és são -
Objecta - és perigoso de imediato -
E acorrentado -



Emily Dickinson. Poemas e Cartas. Uma antologia organizada por Nuno Vieira de Almeida. Tradução de Nuno Júdice. Edições Cotovia, Lisboa, 2000., p. 51

CONTABILIDADE

Quantas emílias houve na minha vida?

Vou contá-las:

a primeira, é a brontë. Uma emília do
campo, selvagem, solitária, fugindo pela
porta das traseiras sempre que o
 heathcliff lhe assobiava aos ouvidos.

(Uma noite, ao fechar a janela do quarto,
na província, a mão dela agarrou-me a tempo - é
que o vento queria entrar em casa: o vento
norte, esse que faz voar reposteiros e folhas,
e fica a bater nos vidros se o
deixarmos lá fora);

a segunda é a dickinson; mas
conheço-a pior do que à outra. É
diferente um amor de adolescência, como o que
tive pela amante de heathcliff, do que paixões
de maturidade, em que a razão e emoção coexistem em pratos
iguais da balança.

(Esta emily vestia-se de
branco, enquanto que a primeira gostava de roupas
escuras. É verdade que ambas tinham relações com
presbíteros; mas admito que fossem de natureza diferente,
e que o freud não se aplique do mesmo modo
a uma ou a outra).

Sento-as, então, à mesma mesa, comigo
em frente. Digo-lhes: «Amo-vos. Tu, a inglesa,
amo-te como esse vento frio
ama os prados por onde corre, à noite, soltando
sombras e fantasmas; e a ti, à americana, amo-te
como o caruncho devora as madeiras das traves
e dos sótãos, com o rumor surdo que percorre
os desvios da eternidade.»

Ouço-as rirem-se de mim. O amor não é
isto, dizem-me. E deixo-as à conversa uma com a
outra, no seu esconderijo
de pântanos e cemitérios.



Emily Dickinson. Poemas e Cartas. Uma antologia organizada por Nuno Vieira de Almeida. Tradução de Nuno Júdice. Edições Cotovia, Lisboa, 2000., p. 11/12
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