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sábado, 26 de março de 2011

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O método estrito é apenas estudo,
não devia ser impresso.
Devia escrever-se para o público
num estilo livre, sem peias,
juntando-lhe apenas a demonstração rigorosa,
o desenvolvimento sistemático.
A escrita não devia ser insegura,
feita a medo, confusa, sem fim,
mas determinada, clara, sólida,
com pressupostos apodícticos, tácitos.
Uma pessoa de carácter bem definido
causa também uma impressão
benéfica e decidida e estável.



Novalis. Fragmentos são Sementes. Selecção, tradução e ensaio de João Barrento. Roma Editora, Lisboa, 2006, p. 77
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Só saberemos aquilo a que dermos expressão,
isto é, aquilo que soubermos fazer.
Quanto mais completa e diversamente
produzirmos uma coisa, a executarmos,
tanto melhor a conheceremos.
Teremos dela um conhecimento completo
se soubermos comunicá-la e suscitá-la
em toda a parte e de todas as maneiras -
se soubermos produzir, em cada um dos seus órgãos,
uma expressão individual.



Novalis. Fragmentos são Sementes. Selecção, tradução e ensaio de João Barrento. Roma Editora, Lisboa, 2006, p. 63
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Só saberemos se fizermos.


Novalis. Fragmentos são Sementes. Selecção, tradução e ensaio de João Barrento. Roma Editora, Lisboa, 2006, p. 63

quinta-feira, 24 de março de 2011

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O carácter é uma vontade
perfeitamente formada.



Novalis. Fragmentos são Sementes. Selecção, tradução e ensaio de João Barrento. Roma Editora, Lisboa, 2006, p. 60
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Não se perde a autêntica inocência,
tal como não se perde a vida autêntica.
A inocência que conhecemos
só tem uma vida, como o homem,
e, como ele, não tem regresso.
Quem, como os deuses, ama seres virgens,
nunca poderá desfrutar
da segunda inocência como da primeira -
esta é mais do que aquela.
Certas coisas
só uma vez se manifestam,
porque da sua essência
faz parte o único.
a nossa vida é, a um tempo,
absoluto e dependente.
Só morremos até certo ponto,
A nossa vida é, em parte,
parte de uma vida maior
entre outros seres.


 
Novalis. Fragmentos são Sementes. Selecção, tradução e ensaio de João Barrento. Roma Editora, Lisboa, 2006, p. 58/9
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A necessidade do amor
expõe a cisão que existe em nós.
Toda a necessidade
trai uma fraqueza.


Novalis. Fragmentos são Sementes. Selecção, tradução e ensaio de João Barrento. Roma Editora, Lisboa, 2006, p. 57
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Estamos sós
com tudo o que amamos.


Novalis. Fragmentos são Sementes. Selecção, tradução e ensaio de João Barrento. Roma Editora, Lisboa, 2006, p. 57

quarta-feira, 23 de março de 2011

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(Toda a cinza é pólen.
O cálice é o céu.)



Novalis. Fragmentos são Sementes. Selecção, tradução e ensaio de João Barrento. Roma Editora, Lisboa, 2006, p. 50
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O destino que nos esmaga
é a indolência do espírito.
Alargando e educando o nosso agir,
transformamo-nos nós próprios em destino.
Tudo parece afluir sobre nós vindo de fora,
porque não há corrente que saia de nós.
Somos negativos porque queremos -
quanto mais positivos formos,
tanto mais negativo será o mundo à nossa volta,
até que, no fim, não haverá negação,
porque nós seremos tudo em tudo.
Deus quer deuses.
Se o nosso corpo mais não é
do que o centro da acção comum dos sentidos,
se dominamos os nossos sentidos,
se temos o poder de os transformar em acção,
de os orientar para a comunidade -
então só depende de nós dar a nós próprios
o corpo que desejamos ter.
Se os nossos sentidos mais não são
do que modificações de um órgão pensante -
do elemento absoluto -
poderemos também, dominando esse elemento,
modificar e dirigir à vontade
os nossos sentidos.


Novalis. Fragmentos são Sementes. Selecção, tradução e ensaio de João Barrento. Roma Editora, Lisboa, 2006, p. 47/8
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Quando se lê como se deve ler,
desabrocha dentro de nós
um mundo real e verdadeiro
feito à imagem das palavras.



Novalis. Fragmentos são Sementes. Selecção, tradução e ensaio de João Barrento. Roma Editora, Lisboa, 2006, p. 47
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A arte de nos tornarmos todo-poderosos:
arte de realizar totalmente a nossa vontade.
De dominar corpo e alma.
O corpo é o instrumento
de formação e modificação do mundo,
Temos de ensinar o corpo
a ser um órgão capaz de tudo.
Modificar o nosso instrumento
é modificar o mundo.



Novalis. Fragmentos são Sementes. Selecção, tradução e ensaio de João Barrento. Roma Editora, Lisboa, 2006, p. 45
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Estamos próximos do despertar
quando sonhamos que sonhamos.



Novalis. Fragmentos são Sementes. Selecção, tradução e ensaio de João Barrento. Roma Editora, Lisboa, 2006, p.40
A vida existe para servir a morte.


Novalis. Fragmentos são Sementes. Selecção, tradução e ensaio de João Barrento. Roma Editora, Lisboa, 2006, p.29
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Nunca chegaremos
ao pleno entendimento de nós.
Mas saberemos e poderemos
conhecer-nos para lá do entendimento.



Novalis. Fragmentos são Sementes. Selecção, tradução e ensaio de João Barrento. Roma Editora, Lisboa, 2006, p.27

I

GRÃOS DE PÓLEN

    Amigos, o solo é pobre. Precisamos de lançar
muitas sementes para obter uma modesta colheita.



Novalis. Fragmentos são Sementes. Selecção, tradução e ensaio de João Barrento. Roma Editora, Lisboa, 2006, p.27
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