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sábado, 21 de julho de 2012

«Como se a água pudesse explicar o meu pranto,»

Thomas McCarthy. O jardim da dor e outros poemas. Tradução colectiva (Mateus, Setembro de 1991) revista, completada e apresentada por Laureano Silveira. Quetzal Editores, 1993., p.17

II


PEQUENAS AVES, VOZES


Estes são os sons bem entrelaçados da morte,
Aquelas pequenas aves castanhas a cantar, pequenas aves
De inverno pousadas num ramo pendente.
Nunca em vida lhe conhecera esse olhar fixo
Tão ferido de silêncio por um breve instante.

Estas aves lembram as vozes dessa vida:
Uma nota grave e fria é a voz atormentada
da pobreza da infância e as notas breves
E suaves são os sons de Amor e Casamento.

''É o princípio dos problemas da tua vida'',
Disse um vizinho junto à campa. Arranjei
A coroa de flores já murchas no seu sono fingido.
Alguma coisa me disse, a sua voz talvez, mesmo naquele instante
Quanto de Amor, de Dor, de Amor há numa vida.



Thomas McCarthy. O jardim da dor e outros poemas. Tradução colectiva (Mateus, Setembro de 1991) revista, completada e apresentada por Laureano Silveira. Quetzal Editores, 1993., p.15
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