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sábado, 7 de agosto de 2010

Acerca de um livro intitulado «Lolita»

«(«Procede como um louco. Todos nós procedemos como loucos, creio. Embora toda a gente devesse saber que detesto símbolos e alegorias (devido, em parte, à minha velha animosidade pelo macumbismo freudiano, e, em parte, à minha aversão pelas generalizações inventadas por mitistas literários e sociologistas), […]»

«Não se deveria esperar que nenhum editor deste país livre se preocupasse com a demarcação exacta entre o sensório e o sensual: é ridículo. Sou capaz de admirar, mas não consigo emular, a exactidão de critério dos que escolhem as fotografias das jovens louras e mamíferas e as publicam em revistas onde o nível geral de decote se situa a uma altura estudada para não provocar o riso aos mais atrevidos e um franzir de testa aos mais sisudos.»

«Há boas almas capazes de considerar Lolita inútil porque não lhes ensina nada.»

«[…] Tudo mais é um acervo de lugares-comuns ou aquilo a que alguns chamam «literatura de ideias», a qual não passa muitas vezes de um acervo de lugares-comuns em enormes blocos de gesso, cuidadosamente transmitidos de século para século, até que aparece alguém com um martelo e dá uma boa martelada a Balzac, a Gorki ou a Mann.»


Vladimir Nabakov. Lolita. Livros de bolso europa-américa. Trad. Fernanda Pinto Rodrigues, 1995., p.324/5

Acerca de um livro intitulado «Lolita»

«A primeira palpitaçãozinha de Lolita percorreu-me em fins de 1939 ou começos de 1940, em Paris, numa ocasião em que estava com um ataque violento de nevralgia intercostal. Tanto quanto me lembro, o calafrio inicial da inspiração foi de certo modo provocado pela história que um jornal publicou acerca de um macaco do Jardin des Plantes que, após meses de treino por um cientista, foi autor do primeiro desenho jamais feito por um animal: um esboço que representava as grades do pobre bicho.»





Vladimir Nabakov. Lolita. Livros de bolso europa-américa. Trad. Fernanda Pinto Rodrigues, 1995., p.321
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