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terça-feira, 2 de janeiro de 2024

domingo, 24 de janeiro de 2021

 "Antes que o fio de prata se rompa e

a roldana rebente no poço
Antes de tudo isto
Põe uma escada e sobe ao cimo do que vês (p.161)"

Se fores ao centro de ti mesmo
Daniel Faria

domingo, 14 de janeiro de 2018

Todas as minhas fontes vêm de ti
As nascentes
E amo-te com a constância do moribundo que respira
Já sem saber de que lado o visita a morte
Procuro a ligação entre ti a luz muito miudinha depois dos temporais
Entre a luz e os estilhaços nas ruas bombardeadas
Desconheço o colar onde unes tudo
Procuro entender como é que moldas
Os meus pés ao equilíbrio que os desloca no chão
Sei que és tu que me levantas
Que remendas o meu corpo a cada dia
Em ti encontro a pulsação
Que rebente - uma artéria como nunca
Tinha jorrado. Cratera onde durmo
Recluso, árvore à chuva
Em dificuldade extrema
De respiração
Ponho a cabeça entre os ramos, lanço os braços para fora
Como um pássaro entre um bando
De disparos
Tu moves as agulhas, tu unes de novo
As minhas asas à curva do céu
Daniel Faria

domingo, 7 de janeiro de 2018

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

“Do ciclo das intempéries”

“[...] // Repito a corrida na memória quando estou parado / Penso velozmente que o amor, como A poesia, é um estado / De locomoção. É um motor. E fico a trabalho no mecanismo secreto / Do amor. ''

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Poderia ter escrito a tremer de respirares tão longe
Ter escrito com o sangue.
Também poderia ter escrito as visões
Se os olhos divididos em partes não sobrassem
No vazio de ceguez
E luz.
Poderia ter escrito o que sei
Do futuro e de ti
E de ter visto no deserto
O silêncio, o fogo e o dilúvio.
De dormir cheio de sede e poderia
Escrever
O interior do repouso
E ser faúlha onde a morte vive
E a vida rompe.
E poderia ter escrito o meu nome no teu nome
Porque me alimento da tua boca
E na palavra me sustento em ti.


Daniel Faria

terça-feira, 28 de julho de 2015



OFÍCIO DE VÉSPERAS

"Devo ser o último tempo
A chuva definitiva sobre o último animal nos pastos
O cadáver onde a aranha dcide o círculo.
Devo ser o último degrau na escada de Jacob
E o último sonho nele
Devo ser-lhe a última dor no quadril.
Devo ser o mendigo à minha porta
E a casa posta à venda.
Devo ser o chão que me recebe
E a árvore que me planta.
E, silêncio e devagar no escuro
Devo ser a véspera, Devo ser o sal
Voltado para trás.
Ou a pergunta na hora de partir."



Daniel Faria. Explicação das Árvores e de Outros Animais.

domingo, 28 de julho de 2013

 
Foram pétalas
Ou olhos de deusas
O que calquei?
 
Não
Não digam
 
Eu sei
Que foram sonhos
 
 
 
Daniel Faria. Poesia. Edição de Vera Vouga. Editora Quasi., p. 427

FOSSES TU

 
Fosses tu uma ave ou uma folha
E o Outono te viria desprender
 
 
 
Daniel Faria. Poesia. Edição de Vera Vouga. Editora Quasi., p. 423

PÓRTICO

Com os meus amigos aprendi que o que dói às aves
Não é o serem atingidas, mas que,
Uma vez atingidas,
O caçador não repare na sua queda.
 
 
 
Daniel Faria. Poesia. Edição de Vera Vouga. Editora Quasi., p. 389

(PART)IDA

''suave rodopiar das folhas''

Ítaca

 
O que dói
É não poder apagar a tua existência
e repetir dia após dia os mesmos gestos
 
O que dói
é o teu nome que ficou como mendigo
Descoberto em cada esquina dos meus versos
 
O que dói
é tudo e mais aquilo que desteço
Ao tecer para ti novos regressos
 
 
 
 
 
Daniel Faria. Poesia. Edição de Vera Vouga. Editora Quasi., p. 369

«Olhar o ontem e ver o amanhã»

Daniel Faria. Poesia. Edição de Vera Vouga. Editora Quasi., p. 359

8

 
Prometo-te a palma da minha mão para a escrita.
Cerca-a de magnólias, cerca-me. Podes fechar a escrita
No interior da mão ou na boca dos livros
Podes esquecê-la ou  libertá-la dos mil botões
Que ela sopra no interior dos homens.
Podes mandá-la àqueles que mais amas
Ou como pétalas e mensagens nas anilhas das aves
Aos teus próprios inimigos.
Podes desarmá-la para propagares as chamas.
Dou-te, como desde sempre, o poder
De escreveres na pele da minha mão
As promessas que te fiz. Sabes que existo
E que vou repetir-te todas as coisas outra vez.
 
As estações, por exemplo - não sou o único que o digo -,
Não rodam à maneira dos carrosséis no largo. No Outono
A magnólia é pensativa como o homem
Que te olha por detrás da janela onde te escrevo.
No Inverno os vidros vão embaciando - aproxima
A tua mão da paisagem que resta
Como se fora o lado do verbo que encarnou. Repara
No banco de pedra - ele está
Sobre ti.
Tu és a criança sentada
Que olha para o céu. Há um tesouro
No céu - um coração novo. Reconheces
A magnólia estelar? O interstício solar
Da pupila celeste? Ela está sobre ti
E contempla - é verdade que é pelas lágrimas
Que começam as visões
 
Sim. Agora posso explicar-te o mistério das águas
Debruça-te como ele quando escreveu no chão
Irás entender - elas jorram das palavras.
 
 
 
Daniel Faria. Poesia. Edição de Vera Vouga. Editora Quasi., p. 332/3

sábado, 27 de julho de 2013

«Sei que não posso chamá-la das margens»

Daniel Faria. Poesia. Edição de Vera Vouga. Editora Quasi., p. 312
A mulher muitas vezes avança
 
A mulher muitas vezes caminha pela borda
Do vestido. Pudesse tocar
A fímbria ou a franja de toda a casa
Ela a sararia. Ela sairia
Com o cabelo solto
 
Muitas vezes a mulher prende o cabelo com as mãos
Cose muitas vezes com a lâmpada por dentro - a agulha
A cerzir o brilho. A mulher remenda
A lâmpada apagada. Por dentro
O coração ponteia alguma luz
 
A vida roda, o vestido rompe-se
 
A mulher é um barco quando se afunda
A hélice gira - gera como planta
Em redor da luz. A mulher
Anda em redor como corola
Sem pólen
 
A azenha anda à volta na memória e a água corre-lhe
Dos olhos. Põe o coração para a frente como os fuzilados
Enxuga os olhos como se espalhasse. A mulher
Varre infinitamente mais do que o que vemos ou somos capazes de
                                                                                                  imaginar
 
E há imagens na terra
Que nunca lembram o céu
 
 
 
Daniel Faria. Poesia. Edição de Vera Vouga. Editora Quasi., p. 311

«Quero ver-te mesmo quando sangro»

Daniel Faria. Poesia. Edição de Vera Vouga. Editora Quasi., p. 307

Do que sangro

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