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domingo, 22 de dezembro de 2013

«Além disso, algumas paixões dependem mais da grosseria do corpo, tais como o apetite carnal, a necessidade de alimento e sono, a cólera, o orgulho, a inveja.»


Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 141

« diz-se louco porque só os loucos têm o privilégio de dizer a verdade sem ofender.»


Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 130
  «Não é, porém, de espantar que, por ter andado tanto na sua companhia, adquirisse um pouco do seu saber. Priapo, deus da figueira, ouviu e reteve alguns termos gregos que o seu senhor lia diante dele; o galo de Luciano, à custa de conviver com os homens, aprendeu a sua linguagem.»


Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 127

«É doce enlouquecer a propósito.»

A sabedoria torna os homens tímidos.

  «Digamos a verdade tal como ela é: a Fortuna ama os irreflectidos, os temerários, os aventureiros, aqueles que dizem facilmente: «Os dados estão lançados!» A sabedoria torna os homens tímidos; assim encontrareis por todo o lado sábios a morrer de fome, pobreza e dor, esquecidos, sem glória e sem simpatia.»
 
 

Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 124

«Não cessam de uivar, se lhes não se atira um pedaço de carne para as goelas.»

Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 109

rememorar


verbo transitivo

1. trazer de novo à memória, relembrar
2. dar uma ideia imperfeita de

(Do latim rememorāri, «recordar; voltar a lembrar»)

Tal como Sísifo

«Tal como Sísifo(1), a rolar o seu rochedo, amontoam textos e mais textos de leis em assuntos que nada têm a ver com eles. Acumulam glosa sobre glosa, opinião sobre opinião, para dar a impressão da extrema dificuldade que possuem. Estão, de facto, convencidos de que é digno de mérito tudo o que exija esforço e trabalho.
    Acrescentemos-lhes os Dialécticos e os Sofistas, raça mais barulhenta do que o bronze de Dodona(2), e dos quais, o menos palrador, conseguiria fazer frente às vinte comadres mais palradoras que se encontrassem. Além de serem linguareiros, são também briguentos, a ponto de se encarniçarem na discussão e puxarem da espada por dá cá aquela palha, perdendo, no calor da contenda, todo o amor à verdade. O Amor-Próprio, apesar de tudo isto, fá-los felizes, pois que três silogismos lhes bastam para os levar a discutir com qualquer pessoa, sobre qualquer assunto. A sua obstinação torna-os invencíveis, mesmo que tivessem de se haver com o próprio Estentor.»
 
 
1 - Rei mítico de Corinto, condenado pelos deuses, como castigo da sua crueldade, a rolar, depois da morte, um rochedo enorme até ao alto de uma montanha, donde voltava novamente a cair.
 
2- Antiga cidade do Epiro, em cujo bosque sagrado, consagrado a Júpiter, os vasos de bronze suspensos nos carvalhos, ao serem batidos pelo vento, tocavam uns nos outros, produzindo um ruído interpretado pelos sacerdotes como um oráculo.



Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 96
   «O mais divertido de tudo é vê-los cumularem-se de mútuos elogios, em epístolas e poesias. É a glorificação do louco pelo louco, do ignorante pelo que nada sabe. »



Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 95
   «Da mesma espécie são os escritores, que aspiram à fama imortal, publicando livros. Todos me devem muito, sobretudo aqueles que só garatujam ninharias. Quantos aos que se submetem ao julgamento dum restrito número de sábios e que não recusam por juízes os Pérsio e os Lélio, parecem-me mais desgraçados do que felizes, porque se submetem a uma tortura constante; acrescentam, mudam, suprimem, repõem, refazem, consultam, guardam a sua obra nove anos sem nunca se satisfazer e conseguir a glória, vã recompensa que poucos recebem, à custa do sono, bem supremo, e de muitos sacrifícios, suor e trabalhos. Acrescentai a perda da saúde e da beleza, a miopia ou mesmo a cegueira, a inveja, a privação dos prazeres, a velhice precoce, a morte prematura, a morte prematura e tantas outras misérias.»




Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 93

Sobre os poetas

  «Esta espécie de homens, que, acima de tudo, está ao serviço do Amor-Próprio e da Adulação, é na Terra quem me honra e venera com mais sinceridade e constância.»


Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 92

sábado, 21 de dezembro de 2013

 
   «A mais louca e desprezível das gentes é a classe dos comerciantes, que exercem uma profissão sórdida por processos desonestos. Mentem, perjuram, defraudam, enganam, roubam e, apesar disso, julgam-se com direito à consideração dos outros, porque trazem nos dedos grossos anéis de ouro. Eles têm, aliás, a admiração de certos basbaques aduladores, que lhes dão em público títulos honrosos, provavelmente para apanhar umas migalhas dos bens adquiridos por processos vergonhosos. Vêem-se ainda certos Pitagóricos, tão convencidos de que todos os bens são comuns, que se apoderam dos bens dos outros tão tranquilamente como se de uma herança se tratasse. Há ainda outros que não são ricos senão de esperanças. Os seus sonhos agradáveis bastam para os tornar felizes. Alguns contentam-se em passar por ricos em público, embora em casa morram de fome. Este apressa-se a dissipar tudo quanto tem e aquele outro entesoura sem escrúpulos. Um deles afadiga-se a conseguir as honras populares, enquanto outro só se sente feliz enrodilhado ao canto da chaminé. Numerosos são os que sustentam pleitos sem fim e a sua teimosia aproveita apenas aos juízes, que arrastam o processo, e aos advogados, que os enganam. Há pessoas que se entusiasmam com as novidades, outros são apenas impressionados por empresas gigantescas. Alguns deixam a casa, a mulher e os filhos para ir a Jerusalém, a Roma ou a Santiago, onde nada têm que fazer.
     Em resumo, se pudésseis observar, instalados na Lua, como Menipo, as infinitas agitações dos homens, julgaríeis ver um turbilhão de moscas ou de moscardos a bater-se, a lutar, a tecer emboscadas, pilhando, folgando, nascendo, caindo e morrendo. Não se poderia imaginar que movimentos, que tragédias, produz animal tão mesquinho e destinado a morrer em breve. Frequentemente, pela guerra, ainda que breve, ou por uma simples epidemia, milhares de homens desaparecem da face da Terra.»



Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 88/9

sábado, 7 de dezembro de 2013

«O espírito do homem é feito de maneira que lhe agrada muito mais a mentira do que a verdade. Fazei a experiência: ide à igreja, quando aí estão a pregar. Se o pregador trata de assuntos sérios, o auditório dormita, boceja e enfada-se, mas se, de repente, o zurrador (perdão, o pregador), como aliás é frequente, começa a contar uma história de comadres, toda a gente desperta e presta a maior das atenções.»


Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 81

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013


«A adulação faz parte da tão honrada Eloquência, e mais ainda da Medicina, e participa, em alto grau, na Poesia. Ela é o mel e o tempero de todas as relações entre os homens.»


Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 80/1
«Quanto menos talento têm, mais pretensões e impertinências ostentam, mais se envaidecem e vangloriam. E todos conseguem vender as suas obras, porque é sempre o mais inábil que mais admiradores encontra. O pior agrada necessariamente à maioria, porque esta é dominada pela loucura. É também o mais inábil o mais contente consigo próprio e o mais admirado. Por isso, para quê preferir a verdadeira erudição, difícil de conseguir, enfadonha e prudente e que a tão poucos agrada?»


Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 78

«a dura necessidade da morte»

domingo, 24 de novembro de 2013

«(...), porque só agora o morto começa a viver, pois que a vida neste mundo não passa de uma espécie de morte.»


Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 54
«Como todos os que se dedicam à filosofia têm em geral pouca sorte na vida, e em especial na sua progenitura, parece-me que, deste modo, a Natureza, previdentemente, impede a propagação desta praga - a sabedoria.»


Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 47
«As mulheres não me poderão levar a mal que lhes atribua a loucura, a mim, que também sou, além de mulher, a própria Loucura. Vendo bem as coisas, é o dom da loucura que lhes permite serem, em muitos aspectos, mais felizes do que os homens. Têm sobre eles, em primeiro lugar, a vantagem da beleza, que põem, com razão, acima de tudo e que lhes serve para tiranizar os próprios tiranos. O homem tem as formas rudes, a pele rugosa, a barba selvagem, que o envelhece, e que, ao mesmo tempo, é sinal de sabedoria; as mulheres, com a face macia, a voz doce, a pele lisa, têm a favor os atributos da juventude eterna. Por isso, que procurarão elas na vida, senão agradar aos homens o mais possível? Não será essa a razão de tantos vestidos, pinturas, banhos, penteados, pomadas e perfumes, de toda a arte de brincar ou disfarçar o rosto, os olhos e a pele? E não será a Loucura que melhor lhes entrega os homens? Eles prometem-lhes tudo, e em troca de quê? De prazer. Mas elas só o conseguem graças à Loucura. Isto é evidente, se pensarmos em todas as parvoíces que um homem diz, nas loucuras que pratica, quando procura beneficiar das graças de uma mulher.
   Sabeis agora qual é o primeiro e o principal prazer da vida, e qual a sua origem.»




Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 37

Harpócrates

Deus do silêncio, representado com um dedo sobre os lábios.


in Erasmo. O Elogio da Loucura. Tradução, prefácio e notas de Maria Isabel Gonçalves Tomás. Livros de bolso Europa-América., p. 35
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