Mostrar mensagens com a etiqueta Manuel Gusmão. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Manuel Gusmão. Mostrar todas as mensagens

domingo, 22 de março de 2015

b.
aprende a falar — diz
a rosa: escreve de noite
e que o meu múltiplo sol
te guie inúmeros
os caminhos. põe-te numa sala
com a luz apagada
onde chegue acesa
a de uma outra, e
frágil,
ao papel que para ela
voltas. então, falas
das paixões, da pétala
que cai no interior
do coração
e navega na sombra do
sangue,
de assombro em
assombro.

Manuel Gusmão

domingo, 11 de agosto de 2013

da rosa vermelha
à rosa negra
 
dois sóis
trabalham dia
e noite
a fulgurante incandescência
 
 
 
Manuel Gusmão. Dois sóis, A rosa. A arquitectura do mundo. Editorial Caminho, Lisboa,  2ª Edição, 1990., p. 133

''disciplinado delírio''

a queda amo-
rosa,
de onde foi
olhada
 
um «milhão de pássaros»
em fogo
passando pelo buraco de uma agulha,
a rosa
no écran solar
 
 
Manuel Gusmão. Dois sóis, A rosa. A arquitectura do mundo. Editorial Caminho, Lisboa,  2ª Edição, 1990., p. 121
no centro da rosa
o gelo reflecte exaltado
a galeria em chamas
que o rodeia
 
 
Manuel Gusmão. Dois sóis, A rosa. A arquitectura do mundo. Editorial Caminho, Lisboa,  2ª Edição, 1990., p. 117
em suas muralhas
a rosa fecha o olhar delas
se despenha. a elas
sobe.
 
como se quisesse atingir um sol
que intermitente,
centro de si mesma, se
deslocasse. -
a rosa contra/diz-se,
e ele ama-te.
 
 
 
Manuel Gusmão. Dois sóis, A rosa. A arquitectura do mundo. Editorial Caminho, Lisboa,  2ª Edição, 1990., p. 103

sábado, 3 de agosto de 2013

''insistente e falhado elogio''

«(...) diz pequenas frases fascinadas, precipitadamente.»

Manuel Gusmão. Dois sóis, A rosa. A arquitectura do mundo. Editorial Caminho, Lisboa,  2ª Edição, 1990., p. 44

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Talvez só se possa ser realista lendo activamente o aforismo de Novalis: «a poesia é o real absoluto». E insistindo depois disso que o real resiste à poesia, insiste e subsiste como um não-dito de que a poesia parece infindamente acercar-se, fazendo dele o seu motor e o seu alvo. Como no amor: «o/movimento infindável do corpo em torno/do amor» (de outro modo: não diria como Barthes, na Lição, que o real não é representável, ou o impossível, como em Lacan; mas aceitaria, entre Barthes e Jameson que a obstinação representativa da poesia a torna de algum modo utópica, ou que o real é a utopia, mas ele insiste, existe também nisso.)

Manuel Gusmão
Powered By Blogger