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quinta-feira, 9 de junho de 2011

MENIPO

    Que amor é esse da morte que se apoderou de ti, de uma coisa que a maioria não ama?



Luciano. Diálogo dos Mortos. Textos Clássicos -31. Introdução, Versão do Grego e notas de Américo da Costa Ramalho. Instituto Nacional de Investigação Científica. Centro de estudos clássicos e humanísticos da Universidade de Coimbra, 1989, p. 87

Helena

HERMES

   Este crânio aqui é Helena.


MENIPO

    E então, foi por isto que milhares de navios se encheram de homens vindos de toda a Hélade e que tantos caíram, Gregos e Bárbaros, e tantas cidades destruídas!


HERMES

    Mas não viste, ó Ménipo, a mulher viva, porque terias dito, também tu, que era desculpável «por tal mulher sofrer dores por muito tempo», visto como até as flores, quando secas, se alguém as olhar acreditará naturalmente que não têm beleza. Mas quando elas estão em floração e têm as suas cores, são lindíssimas.

MENIPO

   Portanto, aquilo que me surpreende, ó Hermes, é que os Aqueus não tivessem compreendido que sofriam por uma coisa tão efémera e que tão facilmente perde a flor.


HERMES

    Não tenho vagar para filosofar contigo, ó Menipo. E, assim, escolhe o lugar, onde quiseres, deita-te e fica estendido. Eu, por mim, vou imediatamente ao encontro dos outros mortos.




Luciano. Diálogo dos Mortos. Textos Clássicos -31. Introdução, Versão do Grego e notas de Américo da Costa Ramalho. Instituto Nacional de Investigação Científica. Centro de estudos clássicos e humanísticos da Universidade de Coimbra, 1989, p. 68/9

sábado, 4 de junho de 2011

XVII MENIPO E TÂNTALO

MENIPO

   Porque choras, ó Tântalo? ou porque te lamentas, de pé, à beira do lago?


TÂNTALO

  Porque, ó Menipo, morro de sede.


MENIPO

  És assim tão preguiçoso que te não abaixas para beber, ou então, por Zeus, para recolher a água na concha da mão?

TÂNTALO
 
   Isso de nada me valeria, se eu me abaixasse, porque a água foge, sempre que me sente aproximar. E se alguma vez a recolho e aproximo dos lábios, não humedeço suficientemente depressa a ponta dos lábios que, escapando-se por entre os dedos, não sei como, ela me não deixe de novo a mão seca.

MENIPO

  É extraordinário o que te acontece, ó Tântalo. Todavia, diz-me cá: porque é que ainda tens a necessidade de beber? Na verdade, não tens corpo, mas está sepultado algures na Lídia aquilo que justamente podia ter fome e ter sede, mas tu, que és alma, como é que ainda podes ter sede?

TÂNTALO

  Isso é exactamente o meu castigo, ter a alma sede como se fosse corpo.



Luciano. Diálogo dos Mortos. Textos Clássicos -31. Introdução, Versão do Grego e notas de Américo da Costa Ramalho. Instituto Nacional de Investigação Científica. Centro de estudos clássicos e humanísticos da Universidade de Coimbra, 1989, p. 66
DIÓGENES


  «Mas sabes o que hás-de fazer? Vou dar-te um remédio para a tua tristeza. Visto que o eléboro não cresce aqui, ao menos procura a água do Letes e bebe à boca cheia e volta a beber e faz isso muitas vezes. Assim cessarás de aborrecer-te com os bens de Aristóteles.»




Luciano. Diálogo dos Mortos. Textos Clássicos -31. Introdução, Versão do Grego e notas de Américo da Costa Ramalho. Instituto Nacional de Investigação Científica. Centro de estudos clássicos e humanísticos da Universidade de Coimbra, 1989, p. 57
«Não te fazem sofrer estas coisas, quando te vêm à memória? Porque choras, ó palerma? Não foi isto que o sábio Aristóteles te ensinou, a saber, não acreditar que são estáveis as coisas dependentes da sorte?»



Luciano. Diálogo dos Mortos. Textos Clássicos -31. Introdução, Versão do Grego e notas de Américo da Costa Ramalho. Instituto Nacional de Investigação Científica. Centro de estudos clássicos e humanísticos da Universidade de Coimbra, 1989, p. 57

domingo, 29 de maio de 2011

MENIPO


    Um filósofo, ó Hermes, ou antes, um impostor, pleno de
charlatanice. Assim, fá-lo despir-se também! Verás muitas
coisas, e bem risíveis, que ele esconde sob o manto.

HERMES

  Põe de parte a postura, em primeiro lugar, de depois tudo
isso mais! Ó Zéus, quanta fanfarronice ele transporta, e quanta
cretinice e chicanice e gloríola e as perguntas insolúveis e os
discursos espinhosos e as conjecturas intrincadas. E ainda a
grande quantidade de esforço vão e a tagarelice não pequena e
as ninharias e a pequenez de espírito,e, por Zeus, todo esse ouro
que está à vista e a vida regalada, o descaro, a preguiça, o gozo
sensual e a moleza. Nada disso me passou despercebido, por muito
bem que o escondas. Deita fora também a mentira, a  presunção
e o acreditar que és melhor do que os outros, porque se embarcares
com tudo isso, qual o navio de cinquenta remadores, capaz de te receber?


Luciano. Diálogo dos Mortos. Textos Clássicos -31. Introdução, Versão do Grego e notas de Américo da Costa Ramalho. Instituto Nacional de Investigação Científica. Centro de estudos clássicos e humanísticos da Universidade de Coimbra, 1989, p. 43/4
HERMES

  E a crueldade e a insensatez e a insolência e a cólera, lança
também tudo isso fora!

LAMPICO

Vê lá, estou despido.




Luciano. Diálogo dos Mortos. Textos Clássicos -31. Introdução, Versão do Grego e notas de Américo da Costa Ramalho. Instituto Nacional de Investigação Científica. Centro de estudos clássicos e humanísticos da Universidade de Coimbra, 1989, p. 42
HERMES


   Deita fora também a vaidade, ó Lampico, e a altivez. Caindo
aqui dentro, elas farão peso no barco.



Luciano. Diálogo dos Mortos. Textos Clássicos -31. Introdução, Versão do Grego e notas de Américo da Costa Ramalho. Instituto Nacional de Investigação Científica. Centro de estudos clássicos e humanísticos da Universidade de Coimbra, 1989, p. 41
CNÉMON

Isto é o que diz o provérbio: o veado caçou o leão.


Luciano. Diálogo dos Mortos. Textos Clássicos -31. Introdução, Versão do Grego e notas de Américo da Costa Ramalho. Instituto Nacional de Investigação Científica. Centro de estudos clássicos e humanísticos da Universidade de Coimbra, 1989, p. 34
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